A análise conjuntural da economia portuguesa incidirá sobre o período de Setembro de 2005 a Setembro de 2006. Tendo como ponto de partida a envolvente externa, verificou-se uma inequívoca melhoria da taxa de crescimento do PIB no 1ºsemestre de 2006 em países como a França, Inglaterra, Espanha e Alemanha, que são importantes parceiros comerciais de Portugal, assim como na zona Euro no seu conjunto (neste caso o aumento foi de 1,4% em 2005 para 2,1% em 2006), o que pode explicar a subida de 7,1% das exportações portuguesas para a UE neste ano e a ligeira melhoria do PIB português de 0,3% para 0,9% entre o 1º e o 2ºquartel de 2006. Isto ocorre apesar das condições monetárias não serem favoráveis às exportações da zona Euro, encontrando-se a taxa cambial Euro-Dolar entre 1,26 e 1,28 em Setembro último, contrastando com um rácio de1,20 no início do ano, e a taxa Euro-Yuan também em crescimento desde Janeiro, atingindo o valor de 10,00 em Setembro. Internamente, a estabilização da taxa de desemprego que diminuiu de 8% no final de 2005 para 7,3% em Junho de 2006 pode ser um sintoma de recuperação económica. Por outro lado, a variação homóloga da inflação situa-se nos 2,2% em Julho e 2,0% em Agosto. Estes dados contribuem para um aumento progressivo dos indicadores de confiança dos consumidores reflectido desde meados de 2005.
De entre as componentes do PIB nacional, a análise centra-se no consumo privado e investimento. Considerando o consumo privado, é de referir o elevado aumento homólogo de 11,2% no 1ºquartel de 2006 dos consumos intermédios, impulsionados pela indústria transformadora, serviços e energia. Por outro lado, as vendas e prestações de serviços totais tiveram um incremento de 6,5% no mesmo período homólogo, com destaque para as indústrias transformadoras com 10%, para a energia com 12,9%, e os serviços com 3,8%. O mercado de automóveis, como exemplo da tendência de consumo de bens duradouros, contraria esta perspectiva, tendo em conta que as vendas de veículos ligeiros de passageiros diminuíram 5% de Janeiro a Agosto de 2006 em comparação com período homólogo. Contudo, pode-se concluir que o aumento simultâneo da produção, vendas e serviços prestados é resultado dos aumentos sucessivos dos consumos finais em 2005, e em menor nível de 2006 (0,7% no 1ºtrimestre de 2006 em termos homólogos), e da mesma forma é sustentado por melhorias nos indicadores de confiança dos consumidores. Em relação ao investimento, verificam-se diminuições sucessivas desde o início de 2005, o que tem continuidade em 2006 com uma redução homóloga de 4,9% no 2ºtrimestre. A produção de máquinas e bens de equipamento apresenta valores em recuperação na indústria transformadora mas a tendência geral do investimento é negativa.
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