segunda-feira, janeiro 29, 2007

Um último pensamento...

Be right back


Pois é. O relógio na capital parece mais célere, os minutos não dão tréguas, deixaram de existir tempos livres.

Neste momento, a minha nova vida sorve todo o meu escasso tempo. As minhas leituras têm novas direcções, os meus prelectores são outros. Os colegas de ontem foram revezados pelas novas caras de hoje.

Faço uma breve pausa no blog.
Brevíssima.

Estejam atentos.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Lista de Colocações nas especialidades 2007

Duas colegas do Norte disponibilizaram-se a fazer a lista de colocações de internos por especialidades neste ano 2007:
Pode vê-las aqui
(sim, aqui!)

A publicação destas listas esteve durante alguns anos a cargo do nosso MS, mas ultimamente tem vindo a esquecer-se de o fazer... porque será??

Espero que não tenha sido afligido por um síndrome demencial, porque precisamos dele são e salvo para revitalizar a saúde desta país (que anda muito doente)!
Tenho também a certeza convicta que não foi para favorecer (leia-se ocultar) ninguém, uma vez que isto se trata de um concurso justo e imparcial...
(ate já acabaram as malditas mudanças especiais de especialidade!)
Bem, dito isto, acredito que foi por meramente por um lapso temporal...
(sim, porque isto do desemprego dos jovens médicos, da introdução das taxas moderadoras nos internamentos e de colocar o dedinho nas máquinas do ponto é um full-time job....)

sexta-feira, janeiro 19, 2007

O melhor avanço médico desde 1840

Os 3 principais avanços da medicina desde 1840, segundo os leitores da revista BMJ, são:
1. Melhoria das condições sanitárias -15,8%
2.Antibióticos -14,5%
2. Anestesia -13,9%

Os avanços da imagiologia médica ficaram-se pelos 4,2%...

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Medicamentos génericos: Conhecer para decidir.

Um artigo original sobre medicamentos génericos publicado na última revista da SPMI: o quão estes medicamentos são aceites e prescritos pelos médicos internistas da Grande Lisboa.

Pode ler aqui

domingo, janeiro 14, 2007

O melhor avanço médico

A revista BMJ está a realizar uma sondagem sobre qual o avanço da medicina mais influente desde o ano do seu lançamento, 1840.

Eu votei nos avanços da imagiologia médica.
Serei suspeita?

O vencedor é anunciado a 18 de Janeiro.

Ode a Ricardo Reis

Estás só. Ninguém o sabe.

Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge. Mas finge sem fingimento. Nada 'speres que em ti já não exista, Cada um consigo é triste. Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas, Sorte se a sorte é dada.


Ricardo Reis

sábado, janeiro 13, 2007

Babel dos nossos dias


Mais um bom filme a não perder.
Como um gesto inocente e inconsequente pode afectar (e condenar) a vida de outras pessoas.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Pó ao Contraste

Na 3ºfeira conheci a Sra Aurora, uma mulher de 54 anos, que vinha ao Serviço de Radiologia com indicação do urologista para realização de uma urografia endovenosa por suposta lítiase renal.
Vinha de longe e estava ansiosa com a (suposta) realização do exame.
Já cá tinha sido enviada anteriormente com o mesmo motivo, mas foi detectada uma história de antecedentes alérgicos, pelo que o radiologista decidiu não foi realizar o exame.

Ontem apareceu de novo.
Desta vez trazia consigo uma carta assinada pelo urologista negando a existência qualquer tipo de alergias, exigindo a realização da urografia. Falei novamente com a doente e ela insistiu numa história de alergia ao pó e ao pêlo de gatos...

Convém relembrar que as guidelines europeias em relação às reacções adversas aos meios de contraste mudaram nos últimos anos e, se 'ontem' a culpa era do médico requisitante (neste caso, o urologista), 'hoje', a culpa é sempre do médico que aplicou o meio contrastado (ou seja, o radiologista).

Neste caso, com o factor adjuvante de poder ser feita uma TC não contrastada com os mesmos (aliás, melhores) resultados que a urografia para o caso em questão e sem qualquer tipo de risco para o doente. O urologista não aceitou. Queria mesmo uma urografia.

Por um lado, eu (e o meu colega) eramos apenas internos da especialidade. Não podemos ir contra um pedido de um especialista.
Por outro lado, qualquer tipo de reacção adversa, precoce ou tardia, a culpa seria nossa.

O que fazer?

Falou-se com o médico mais velho presente no serviço naquela manhã (também ele a contas com um processo no tribunal pelos mesmos motivos).
Ele olhou para a requisição, pensou uns minutos e, frazindo o sobrolho, disse:
-«Poderíamos marcar uma consulta de anestesia para a doente. Seria o mais correcto do ponto vista teórico, mas impracticável na prática.
Só há uma única alternativa.
Pré-mediquem o doente com corticóides e antihistamínicos. Re-marquem o doente para daqui a 3 dias. Avancem com a urografia. O urologista quer, vai tê-la...»

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Adaptação

Não tenho mencionado detalhes sobre a minha nova vida, sobre a minha nova especialidade. Propositadamente.
Sei que lá ficarei os próximos 5 anos, sei que lá inicio uma nova etapa da minha vida.
Mas nada é fácil.
Abdiquei da cidade da minha vida, dos meus amigos de infância, dos 'meus doentes', da equipa que eu adorava (e só não me refiro à minha família porque sei que esses nunca me abandonarão....), de tudo, em prol da minha escolha.
Estou a gostar do hospital, apesar da sua enorme imensidão.
Estou a adorar o mundo imagiológico das patologias, tão vasto quanto uma medicina interna.
O horário é cumprido religiosamente e, mesmo sem picar o ponto digitalmente, nunca trabalho menos de 42h semanais (nunca a menos, muitas vezes a mais).
Quanto aos novos colegas, estou a adaptar-me pouco a pouco. Não é fácil entrar em campo na segunda parte de uma partida de futebol, não é fácil entrar num grupo já entrosado. Os colegas têm sido fantásticos comigo, e ainda só vamos no início.... As coisas vão melhorar.
Os doentes continuam queixosos, refilões, conversadores, maravilhosos. Nem que seja à distância de um ultrassom.

Por falar em ultrassons, hoje deparei-me com um caso atípico, mas não tão invulgar quanto eu julgaria:
Um doente, sexo masculino, 53 anos, recorre ao SU por dores no hipocôndrio direito e vómitos. Diagnóstico de entrada: Colecistite aguda.
Foi pedido pela equipa médica de urgência uma ecotomografia abdominal para estudo da vesícula biliar.
Nada de anormal se este doente não tivesse AP de colecistectomia.....
Será que os colegas fizeram uma história clínica adequada?
Será que viram sequer o abdomém do doente (com uma nítida cicatriz cirúrgica no HD?)
Colecistite? Não creio...

sábado, janeiro 06, 2007

Esperemos que sim...

«As crianças que precisam de transplantes de fígado urgentes já podem voltar a ser operadas em Coimbra, garantiu ontem o responsável pela Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST), o cirurgião Eduardo Barroso.»
Ler mais aqui

sexta-feira, janeiro 05, 2007

De volta.

De volta à grande cidade. A um grande hospital.
De volta ao blog.

É com consternação que tenho acompanhado as notícias de imprensa acerca do 'desemprego de 29 dias' dos jovens médicos recém-licenciados.
Como defensora acérrima dos médicos internos, apoio a sua luta.
Faço deles a minha voz. Por exemplo, aqui.
Mas é também com consternação que recordo o meu concurso médico, o concurso 2006:
-o nosso exame foi adiado 7 meses (de Dezembro 2005 para Junho 2006)
-como tal ficamos 6 meses no desemprego (entre o término da licenciatura e o início do AC, uma vez que entretanto o exame foi adiado para Junho 2006)
-desaproveitamos metade do AC ( porque obviamente tínhamos que estudar...)
-foram anuladas/corrigidas 11 perguntas do exame de especialidade (e mesmo assim não houve plenos, 100%s neste exame do caos...)
-houve erros salariais relacionados com o ordenado-base na maioria dos hospitais do país
-revogação do mapa de vagas
-adiamento das datas das escolhas de especialidades
-novas listas colocadas fora do prazo estabelecido pelo próprio MS
-não actualização das vagas aquando da escolha de especialidade (também designado blind guess. Situação morosamente resolvida após o 2º,3º dia de escolha...)

Bem, o verdadeiro ano-negro.
Merecia destaque televisivo.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Não há como um dia depois do outro. Não há como um ano depois de outro.

Encontrei um grande post no Portugal dos pequeninos:



"Pensem quais podem ser as razões básicas para o desespero.
Cada um de vocês terá as suas. Proponho-vos as minhas:
a volubilidade do amor, a fragilidade do nosso corpo,
a opressiva mesquinhez que domina a vida social,
a trágica solidão em que no fundo todos vivemos,
os reveses da amizade,
a monotonia e a insensibilidade que andam associadas ao costume de viver."

Enrique Vila-Matas, Paris nunca se acaba

«Não há como um dia depois do outro. Por acaso de calendário, o dia de hoje fecha um mês e fecha um ano. Há muitos anos que já não existem anos diferentes. Não adianta olhar para trás. O passado está pejado de cruzes. As dos nossos mortos, as dos nossos "ideais", as dos nossos desejos, as dos nossos amantes - bonita expressão a de Hervé Guibert, "o mausoléu dos amantes" -, as das nossas múltiplas vidas. Todo o homem é um ser complexo e só os pobres de espírito podem supor que tudo corre como numa auto-estrada no meio do deserto, sem trânsito e sem outra paisagem que não o sol e o céu azul. Proust escreveu que era preciso guardar um pouco de céu azul na nossa vida, logo esse nervoso genial que se fechou num quarto para remoer "o tempo perdido". Não, não adianta olhar para trás. Aos quarenta e seis está-se mais perto dos cinquenta do que dos vinte, dos trinta ou mesmo dos quarenta. Provavelmente houve um tempo para tudo da mesma forma que haverá agora um tempo para um outro tudo. Nas magníficas páginas iniciais do seu "Saint Genet - comédien et martyr", Sartre adverte que, sermos ainda o que vamos deixar de ser e sermos já o que seremos, é a mais solene e trágica das nossas condições. Olho para o futuro com a esperança do "progressista" que não sou. Não há como um ano depois do outro.»
Posted by João Gonçalves

Dá que pensar, não dá?

Quem escreveu isto? (é homem concerteza)

Um estudo publicado na revista Cancer Epidemiology Biomarkers and Prevention diz que o trabalho doméstico diminui risco de neoplasia da mama nas mulheres...
Aposto que o autor do artigo é um homem...

Ler mais aqui

Há alguns minutos atrás....


Não foi aleatoriamente que o reveillon do FUNCHAL já foi considerado o 4º MELHOR REVEILLON DO MUNDO pela revista Times
(orgulhosamente atrás de Sidney ou Nova Iorque)....

Este ano o tema foi Vivaldi. Ao som das '4 estações', as 17 toneladas de fogo de artifício fizeram as delicías dos milhares de visitantes e locais que assistiam ao espectáculo.

Pro ano há mais.
Haja dinheiro.