terça-feira, outubro 31, 2006

Medicina I

Ao longo da minha vida já passei em muitos serviços em diversos hospitais e centros de saúde, inicialmente como estudante de medicina e mais tarde, como médica do internato geral.

Nem tudo foram rosas, mas levei alguns rosas comigo.

Em locais diferentes encontrei equipas diferentes, com todos os seus defeitos e virtudes.

Conheci várias pessoas com formas de trabalhar muitas diferentes: havia os téoricos (para quem uma coriza podia ser logo pródromo de outro síndroma) e os práticos (o que é frequente, é frequente; o que é raro, é raro); os dedicados e os despachados; os extrovertidos e os tímidos; os que me viram apenas como (mais uma) mão-de-obra ou os que me viram como aprendiz e amiga e me ensinaram a crescer como mulher e médica.


Mas, a equipa que sublinho pelo seu TODO, pelo seu colectivo que ultrapassa as individualidades foi, sem dúvida, a equipa por onde passei nas últimas 6 semanas: a Medicina I.

Não menciono o hospital por não querer quebrar o anonimato deste post e, por ter a certeza que, se algum deles ler estas linhas (o que é pouco provável), ELES SABERÃO.

Porque, o mais verdadeiro dos elogios é aquele que é sussurrado às escondidas, e não aquele que ecoa a alta voz. E eles sabem-no....

M com letra maiúscula, dignificando a verdadeira Medicina Interna, a especialidade mãe, e não como a especialidade onde se acumulam as sobras dos outros.
Deste serviço, não vi nenhum doente a ir embora sem levar consigo na bagagem a certeza que recebeu os melhores cuidados possíveis, muitas vezes em cenários hediondos; convosco partilhei a alegria dos sucesso e acatei a aceitação do insucesso; conheci um director de serviço, o verdadeiro timoneiro que, sem NUNCA impor nada a ninguém, levava sempre a equipa a bom porto.

Voçês fizeram-me sentir «um dos vossos»...

E, apesar de ir embora, levo-vos comigo na lembrança.

Até sempre, Medicina I.

2 comentários:

J.F disse...

Pressente-se que a poesia que emana das palavras escritas não é só poesia.
Também transpira o revelar duma atitude que pretende perpetuar uma boa prática no tratar dos doentes e a manter viva na lembrança a imagem dos bons profissionais que a ajudaram a ser quem é, médica e ser humano.
São colegas assim que começam a ser raros no nosso pequeno país.
Parabéns Reanimadora

Anónimo disse...

Eu não sei quem és, mas se algum dia adoecer, quero ser tratado por um médico como tu.

Parabéns