Ontem mais um dia caótico de urgência. Pessoas a reclamar. Pessoas a agradecer. 
Engraçado, os mesmos médicos, caras diferentes, comportamentos diferentes.
Ontem vi um doente novo, quase trintão, o Rui (chamemos-lhe assim). 
Vinha com 'dor que prendia o coração quando inspirava' (sic). Eu revi a história, neguei precordialgia, apurei os factos. Vi o doente. Revi o doente. 
Ao exame objectivo a única alteração era uma dor localizada na grelha costal que agravava com os movimentos. 
Pedi ECG. Normal. 
Pedi Rx torax, neguei pneumotórax. Normal. 
Analgesiei a dor. Receitei.
Horas mais tarde o mesmo doente reapareceu na urgência. 
Vi-o de soslaio. 
Preparei-me para NÃO o chamar. Preparei-me para o chamar. Teve que ser. Com a chefe de equipa. 
Ela reafirmou o meu diagnóstico de nevrite intercostal, sem patologia cardíaca ou respiratória. Ele tinha passado na farmácia para comprar os analgésicos mas não os tinha tomado sequer. Em vez disso veio à urgência. Outra vez. Teve azar. Apanhou o mesmo médico. Apanhou o mesmo diagnóstico. Certo, por sinal. 
Tive pena pela minha boa fé. Tratei-o da melhor maneira possível. E ele também tratou-me educadamente (aparentementemente). A pior forma de respeito e descrédito foi regressar à urgência à procura de outro colega e outro diagnóstico. 
Ás vezes acho que não vale a pena....
Mas vale!
terça-feira, outubro 10, 2006
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