domingo, outubro 29, 2006

Em defesa de uma colega

«Hospital investiga suposta agressão a utente
Uma mulher de 67 anos foi alegadamente agredida por uma enfermeira no dia 19 de Outubro
Data: 29-10-2006
O Serviço Regional de Saúde abriu um inquérito para averiguar um caso de uma alegada agressão que aconteceu no serviço de urgência do Hospital Central do Funchal (HCF), perpetrado por uma enfermeira contra uma utente, no passado dia 19 de Outubro.
A queixosa, Isabel Gomes Silva, com 67 anos, deslocou-se ao serviço de urgência para ser assistida porque apresentava "uma dor forte" no peito e no estômago, contou ao DIÁRIO.
Após ter dado entrada na sala de observações contou as dores que sentia à enfermeira. "A senhora, de forma mal-educada, disse-me que dado os sintomas que tinha podia ser muita coisa como um cancro", salientou Isabel Gomes Silva.
A enfermeira mediu a tensão arterial da doente e sugeriu uma medicação. Quando ia a sair da sala disse para Isabel Gomes Silva ir ao médico de família porque ela nunca mais a atendia.
Já no corredor, Isabel Gomes Silva comentou para outra funcionária que nunca mais voltava, porque era a intenção demonstrada pela enfermeira, contou ao nosso matutino salientando que o fez em jeito de brincadeira.
De acordo com a reclamação apresentada no Gabinete de Apoio ao Utente e cujo documento o DIÁRIO teve acesso, a enfermeira ouviu o comentário "levou a doente até um quarto, rasgou a receita médica e deu um empurrão na senhora". A queda acabou por ser amortecida quando Isabel embateu com o braço na mesa em que se procede à medição da tensão arterial. "Eu fui buscar a receita, mesmo estando rasgada, porque precisava dos medicamentos", relatou.
Com base no depoimento de suposta agredida, o agente da PSP foi chamado até ao local para encaminhá-la para a rua. "Depois de contar a situação ao polícia disse-me para no dia seguinte, com mais calma, apresentar queixa contra a suposta agressora", referiu Isabel. (...)»

Filipe Gonçalves

Fonte: DN Madeira

Qual meu espanto quando hoje, na minha panóplia de leituras, esbarrei com este artigo no mais credível jornal regional.
Mais uma vez, faz capa a dupla 'doente vítima e médico réu' (que é factualmente descrito como enfermeiro(a)!!), de fazer inveja ao 'capuchinho vermelho e o lobo mau'.

Não pude ficar calada.
Outra vez.

Sinto revolta quando, na globalidade, e em várias situações, factos são deturpados ou violentados e relatados da forma mais míseral possível aos media.
Ou serão os próprios media que os deturpam para poder vender?

Sem me querer alongar mais, porque não sou juíza, e todos são inocentes até provar o contrário, lanço apenas uma interrogação:
-E quando somos nós, médicos, as vítimas e os doentes réus?

2 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais é importante apurar os factos de ambas as partes, mas independentemente quem são as vítimas e os réus nada justifica esse tipo de atitudes.

Já agora coloco-lhe uma questão:

Pelo que sei é prática corrente no Centro Hospitalar do Funchal a equipa de cirurgia que está de serviço nas Urgências proceder a intervenções cirúrgicas, especificamente amputações, sem que o paciente tenha capacidade de decisão e sem advertir previamente a família, isto em casos em que não está em causa a vida do paciente.
Qual é a sua opinião sobre este assunto?

edelweiss disse...

Em resposta à sua questão:
1. Com toda a razão, apurar a veracidade dos factos acima de tudo, todos nós cometemos erros, mas manifestei a minha opinião crítica em relação a este caso exactamente por ser conhecedora da situação descrita e documentada e de outras sitações não descritas ou documentadas.

2. Amputações: não sou cirurgiã e não me pronuncio por actos de outrem; O que pode dizer é que sei que há casos em amputações que são feitas como procedimentos life-saving, no intuito de salvar o doente.
A boa prática exige o consentimento informado do doente ou do seu representante legal, mas há casos em que isto NÃO é possível. Como já referi, só comento casos concretos e que sejam do meu conhecimento.

Espero te-lo elucidado.

Com os melhores cumprimentos