sábado, dezembro 30, 2006

Ano novo, vida nova

Bem, este será o meu último post de 2006.
Ao contrário deste post, 2006 foi um ano em grande.
Mudei de cidade, de hospitais, de colegas.
Agora é altura de partir outra vez.
Para uma nova cidade, para um hospital novo e com colegas novos.
Embutida num sentido de nostalgia, não me quero alongar.
'Amanhã' será para celebrar o que há-de vir;
'Hoje' é para recordar os que, embora cá fiquem, vão comigo na bagagem e no...coração.

Só queria deixar algumas palavras de agradecimento:

-Para a minha família e namorado, pela paciência infindável. E por estarem lá.

-Para os meus dois grandes amigos de adolescência, S. e C., isentos às minhas preocupações de médica, por nunca terem desaparecido.Porque um médico que só sabe de medicina, nem médico é.

-Para a minha interna de fisiatria preferida, S., que conheci numa manhã numa esquina de um dos longínquos corredores do hospital. Pela companhia, pela amizade, pela cumplicidade. Pela força nos tempos amargos, pela partilha dos tempos doces.

-Para a minha tutora preferida, Dra D, pelos conselhos sábios, pela paciência, pela protecção, pela disponibilidade.E pela amizade. E amizade não tem idades, pois não?

-Para TODOS VÓS, leitores anónimos, confidentes de longa data, que passam diarimente no O.N.R., o meu OBRIGADO.
São vocês que ainda me fazem acreditar que é possível mudar, que é possível reanimar um sistema quase em fase terminal.


FELIZ ANO NOVO 2007
Com muita Saúde...
muita Paz...
& Alegria...
e claro,Sucesso!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

O último fôlego

Hoje não me quero alongar.

Cada minuto que passa é demasiado precioso para ser vivido, ao invés de ser escrito.

Mais um Natal passou.

Mais uma noite de 23 passada com os amigos de longa data, mais uma noite de Consoada com todos os meus entes queridos, mais um almoço de Natal recheado de iguarias reflectindo a bonança e plenitude do ano que passou.
E mais uma urgência, desta feita a 26, caótica como todos os dias pós-feriados longos.

A última urgência de medicina.
A última.

E são assim os dias que passam e fogem de nós.
Quase nem damos conta.
O rosto dá. O corpo também.

Apresso-me.

Vou ter com uma colega da bata branca ao local do costume, daquelas colegas que o tempo tranformou em amizade sólida, tão sólida como os pilares sustentam, há decadas, o hospital que amanhã deixo.

sábado, dezembro 23, 2006

Bom Natal para todos


Que este Natal seja melhor que os anteriores.


PS: e já agora, que a urgência de dia 26 seja mais calma que nos anos anteriores.

Ode ao Dr. Riccio

Faleceu Pier-Giorgio Welby, o italiano que desde 1997 viu o seu destino prisioneiro de uma distrofia muscular, o que se traduzia por uma crescente paralisia dos músculos, ser alimentado por um tubo, estar dependente de um ventilador para poder respirar e comunicar através de um sintetizador de voz, tratamento que recusava e que o próprio considerava motivo mais que suficiente para colocar um ponto final na vida.

Tinha 60 anos e tinha requisitado uma autorização judicial para que o livrassem desta «tortura», isto é, para que fosse sedado e depois ser retirado o ventilador ao qual estava ligado dia e noite. Ter um fim humano, digno e indolor.

Os tribunais não o libertaram deste inferno. Rejeitaram o seu pedido.

O médico anestesista Mario Riccio fê-lo. Ele confessou ter desligado o ventilador após sedar o donte. Pier-Giorgio Welby teve o fim indolor que sempre desejou.
Agora o médico que cumpriu com a vontade expressa do doente é procurado pelas autoridades.


segunda-feira, dezembro 18, 2006

Receitas mágicas

Finas, querem-se elas....


ou Gordura é formosura

A Vida, um Tumor da face e as Vacas...

Há já alguns dias que não falo de urgências.
Não porque tivesse escolhido radiologia, mas sim porque há situações que merecem ser digeridas e esquecidas.

Como o dia de urgência da semana anterior. Foi uma 6f.
Não, nem não tocou a campainha da reanimação...
Em compensação e, à boleia do rebuliço natalício, houve (mais) uma enchente na urgência.
Parecia um dilúvio de gente. Nós eramos a Arca de Noé.
Houve um caso que me fez parar para pensar. Refletir.

Chamei a Sra Tolentina (nome fictício) por volta das 11h da manhã. Vinha enviada de um CS de uma terriola no interior, com uma carta a dizer: «Doente sexo feminino, 52 anos, com antecedentes de neoplasia do seio maxilar direito, sujeita a cirurgia paliativa, com alta do serviço de ORL a.... Hoje queixa-se de recusa alimentar e vómitos...»
-Um tumor da face..!? Life's a bitch!! -pensei eu.
Confesso que me custou levantar os olhos daquela carta e colocá-los na face da Sra Tolentina. Não por laxidão, mas por cobardia.
Respirei fundo.
A Sra Tolentina, em maca, vinha acompanhada por uma irmã, de cabelos negros grisalhos e com uns óculos garrafais sustentados por umas ansas de fita adesiva.
Sorri.
Tentei esboçar o mais gigantesco dos sorrisos naquele ínfimo estado de alma.

Falei com ela. E com a irmã. Observei-a. Pedi análises, exames (valeria a pena pedir TC-CE outra vez? Fi-lo, que se lixassem as contas da urgência...), prescrevi terapêutica.
Analgesiei. Analgesiei muito. Sabia que nenhuma droga podia inverter aquela triste sina, mas a dor tinha obrigatoriamente que ser abolida. Isso sim era um pequeno milagre.
Olhei para a escala para ver quem era o colega de ORL de serviço, mas isso ainda atenuou ainda mais as minhas esperanças.
Aguardei.
Naquela confusão, a doente ficou a um canto. A irmã também. Ainda lhe expliquei que os exames iam demorar e que ela poderia dar uma volta se lhe aptecesse.
Ela respondeu: «-Não Sra Dra, não conheço a cidade...» Preferia ficar ali. E não queria deixar a irmã sozinha.
Sorri e dei-lhe uma palmadinha nas costas.
As horas passaram. O dilúvio de doentes continuou.

Nesse dilúvio, e como por milagre, também entra na urgência uma colega de ORL porreira que, por coincidência, conhecia bem a doente. Agarrei-a como se fosse a último homem à face da Terra.
A colega, simpatiquíssima como sempre, com compaixão da Sra Tolentina, disse para eu avançar com o boletim de internamento, sob a sua responsabilidade. «-Ao menos que tenha um fim digno...» -disse ela.
Pouco depois, chegam as análises e os exames. Finalmente.
Preenchi o boletim de internamento à pressa e entreguei a uma enfermeira.

Falei com a irmã e disse que ela ia ficar internada.
Ela ficou satisfeita mas logo depois mostrou uma ruga de preocupação....Olhou para o relógio que marcava vagarosamente as horas a passar nas urgências e disse:
-É pena. Acabei de perder o último autocarro que ia para a aldeia.
-Não tem ninguém que a posso vir buscar? -perguntei eu.
-Não. Eu vivo sozinha com a minha irmã, e só tenho os bichos por companhia.... Vou ter que pagar um táxi....
....
Não tive coragem para dizer nada. Um táxi para a sua aldeia significaria todo o dinheiro da reforma daquele mês. E estavamos em Dezembro.
Fui para a sala dos médicos.
Encontrei um colega e contei-lhe o episódio. Perguntei-lhe ele achava muito errado que eu chamasse uma ambulância para a acompanhante daquela doente que ia ficar internada. Ele disse que compreendia, mas que eu não podia fazer semelhante coisa. Era ilegal.
Ele sugeriu que ela ficasse a dormir discretamente no hospital, numa banquinho à porta...

Fui ter com a irmã da Sra Tolentina. Contei-lhe o teor da conversa com o meu colega.
-«Obrigado, mas não posso ficar. Tenho que ir para casa. Tenho um palheiro com bichos e eles precisam de mim....As minhas vaquinhas, as minhas cabrinhas... Não posso ficar....» -respondeu.

Regressei à sala dos médicos. Sentei-me. Levei as mãos à cara e senti as lágrimas as escorrerem-me na face. Limpei com o interior da bata.
O meu colega sorriu para mim.
Agora era ele que me dava uma palmadinha nas costas.


Ainda pensei em dar-lhe boleia na minha hora de saída, mas por azar naquele dia tinha prometido levar um colega a casa. Não podia faltar à promessa.
E lembrava-me de me terem aconselhado a manter sempre a frieza e nunca abrir precedentes na urgência.
Preguiça e receio, talvez um pouco.


Levantei-me. Olhei para o meu relógio.
-Ainda bem que escolhi radiologia, pensei.

Destaque

Pics and Docs

domingo, dezembro 17, 2006

Welcome back

Foi com uma enorme satisfação que me apercebi que o blog 'Blues por um interno' foi 'reanimado' com sucesso, após uma longa paragem CR.
Este era um blog que eu acompanhava quase diariamente até o dia que parou no tempo com um post chamado 'pleasure seekers'.
Sem aviso prévio nem post de despedida. Apenas com flocos de neve.
Eu também nunca gostei de despedidas.
Voltou, está perdoado.
Welcome back (to where you once belonged).

sábado, dezembro 16, 2006

Pausa

quarta-feira, dezembro 13, 2006

De partida.

Azáfama.
Os últimos dias de estetoscópio ao pescoço como se fosse uma circular cervical do cordão. As últimas visitas aos doentes internados no serviço.
Frases repetidas que parecem desculpas: -'Sim, optei por radiologia. Sim, eu sei...' -'Sim, estou de partida...'. São tantas as coisas para fazer.
Ver os últimos doentes. Preencher os últimos diários clínicos, ponderar as últimas altas.
Os últimos delegados de informação médica.
Despedir dos colegas que ficam. E dos outros colegas que o tempo transformou em amigos sólidos.
'-Sim, vou ter saudades...' -'Mas vens visitar-me....'
O último medulograma.
As últimas quezílias para ver quem fica escalado de urgência na equipa de medicina nos dias festivos.

Ano novo. Cidade nova. Vida nova.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Esquecimento de mau gosto...

Será possível que uma demência profunda tenha acometido o Ministério e que esta entidade se tenha esquecido outra vez dos IACs 2006?? Outra vez?!
Aonde estão disponibilizadas as vagas sobrantes?? Concerteza, não é online.... Nem offline!
A escolha, para muitos colegas, não terminou hoje....Ainda nem começou.
E estamos a lidar com decisões que afectam o resto das vidas de muitos colegas.

Já está!


Pois é.

Nada na vida é fácil.


Depois de muito pensar (e re-pensar, pensar novamente e mais uma vez pensar porque ainda não tinha pensado o suficiente...), ponderar todos os 'prós' e os 'contras', optei por escolher a especialidade que mais aliava a razão ao coração.

Num minuto apenas.

O tempo suficiente para balbuciar umas palavras e aguardar um fax confirmatório.

Escolhi... ser radiologista para o resto da minha vida
!

domingo, dezembro 10, 2006

Em contagem decrescente...

A ESCOLHA

sábado, dezembro 09, 2006

Médicos pela Escolha

Excedentários da FP

Acordei.
Liguei o telemóvel. Nada de interessante.
Li o diário. Nada de novo.
Cedi à tentação de ligar a TV. Um zapping rápido. As fofocas e as personagens de sempre (ena, já chateia! Será que alguém ainda pode com isto??). Desligo.
Portátil. Socorre sempre estes momentos de amargura. Naveguei a minha lista de favoritos, li os blogues do costume, reli as notícias do.... ahhhh o quê??? Deparo-me com um cabeçalho que me deixa atónita (mais atónita do que já sou aos sábados de manhã): 196 vagas de especialidade para 600 candidatos inscritos no IM2007-B!!
Mmm. Faço uma pausa. Uma dupla pausa.
Primeiro, para (mais uma vez) concluir que estas reformas da Sáude deixam-me completamente baralhada- Internato Médico A? B? C, porventura?
Respiro fundo.
Segundo e, (ignorando a alfabetização dos internatos) num apelo à minha rudimentar capacidade matemática, faço um esforço de pensamento. Pergunto-me: Será que alguém vai ficar de fora??

Vida de jovem médico não está fácil. Não, não está.

ps: e sim, certifiquei-me que a categoria profissinal em causa era 'médicos' e não 'professores'.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Outros blogs -O melhor post da semana

«MANUAL DE UTILIZAÇÃO DE SANITAS
EM CASAS DE BANHO PÚBLICAS



Pode haver quem se esteja a preparar para fechar esta página adivinhando que este é apenas mais um post de gosto duvidoso. Nem pense nisso! Este é, sem sombra de dúvidas, um post de muito mau gosto. Portanto, motivo mais do que suficiente para continuar a lê-lo.


Introdução: Importa passar a seguinte mensagem: nunca se sujeite a uma sanita de um local público a não ser que seja absolutamente vital. Exactamente por isso, ter de recorrer a elas para fazer necessidades fisiológicas de natureza sólida, tem sido das maiores contrariedades que tenho enfrentado em toda a minha existência. “Fazer ou não fazer? Eis a questão”. A minha resposta seria perpetuamente “Não!” mas o meu organismo parece ter sempre uma opinião contrária.

Por outras palavras, ainda não se sabia o que era um bífido activo e já eu tinha os intestinos bem regulados. Tão regulados que entram sempre em funcionamento imediatamente a seguir ao almoço e deixam bem claro que não podem esperar. Acontece que durante a tarde estou muitas vezes fora de casa. Daí que, o produto da equação (somatório da Incontornável Vontade me Aliviar, a dividir pela Falta de Alternativas Viáveis), seja sempre o mesmo. Como se pode verificar pelo seguinte esquema matemático:

Σ ( Incontornável Vontade me Aliviar ) = WC HOMENS
Falta de Alternativas Viáveis

Mas deixemo-nos destes complexos enunciados e vamos passar sem mais delongas à parte prática que a todos interessa. A minha vasta experiência em casas de banho públicas permitiu-me extrair 2 corolários a fixar: 1) Nunca se sente sobre o tampo da sanita; 2) Nunca “solte os prisioneiros” sem antes se certificar que está sozinho na casa de banho (se isto não for de todo possível, escolha o timing certo: aproveite o momento em que alguém accionar a máquina de secar as mãos para abafar o som da “libertação”).

Agora que entramos numa época de fraternidade não posso deixar passar a oportunidade de ajudar o próximo com algum do conhecimento empírico que tenho adquirido. Compilei então, para vós, um conjunto de Cinco Técnicas que facilitarão a vida a quem necessitar forçosamente de se valer de uma sanita pública. A escolha é vossa, mediante as características individuais de cada um.


Técnica do Caçador: Também conhecida como Técnica do Homem Primitivo, esta técnica nasceu praticamente com o primeiro Homem. Recordemos que naqueles tempos primordiais não havia sanitas nem sequer ambientalistas, pelo que, o mundo era um lugar feliz e uma gigantesca e arejada casa de banho. Mais tarde, esta técnica viria a ser adaptada por – lá está – caçadores, que ao passarem muito tempo na mata se viam forçados a agacharem-se (primeiro atrás das sebes - até perceberem que havia silvas por ali - e mais tarde junto a árvores, imitando assim os seus perdigueiros). A estratégia de agachamento é a mesma mas devem lembrar-se que terão uma sanita por baixo.

Vantagem: Em nenhum momento o seu rabo entra em contacto directo com a sanita.

Desvantagem: No momento em que se encontrar a executar esta manobra não puderá deixar de se sentir um idiota. A percepção da idiotice piora ou melhora consoante o(a) interveniente tiver uma maior ou menor noção do ridículo.

Técnica de Windsurf: Técnica bastante utilizada por desportistas que não perdem uma ocasião para se exercitar. Consiste em agarrar na maçaneta da porta, colocar os pés na parede e flectir o corpo para trás.

Vantagem: Não estará realmente a praticar windsurf pelo que não será indispensável que haja vento; Se a porta não tiver fechadura ou trinco, como ocorre tantas vezes, com esta técnica estará a salvo da entrada de estranhos ao serviço.

Desvantagem: Método que apenas é possível de concretizar em casas de banho bastante apertadas e em que a sanita esteja a escassa distância da porta.

Técnica do Papel Higiénico: Como o próprio nome indica, consiste em forrar com papel higiénico, e com o maior número de camadas possível, todo o tampo da sanita. Atenção: apesar das compreensíveis preocupações com a cobertura de toda área envolvente do tampo, nunca se esqueça que terá de fazer muito bem as contas ao papel de forma a assegurar que lhe sobre o suficiente para a segunda metade da missão…

Vantagens: Este método é especialmente indicado para as situações que se afigurarem mais demoradas. O facto do utilizador se sentar permitir-lhe-á maior comodidade e em consequência pode aproveitar o esse tempo morto para ler a Dica da Semana, o folheto da feira dos enchidos ou até mesmo para escrever poesia erótica na porta do WC.

Desvantagens: Dada a natureza escorregadia do tampo da sanita, o papel pode muito bem deslizar para o chão deixando-o exposto a um número considerável de bactérias de terceiros. Além do mais, esta é a técnica mais dispendiosa. Pelo menos para os proprietários do espaço que estão a usar. Levar a cabo uma operação desta envergadura é coisa para custar um rolo inteiro…

Técnica do Poleiro: É a mais acrobática de todas. Levante a tampa, suba para cima da sanita, coloque os pés no sentido da porta e baixe-se o mais que puder.

Vantagens: Como estará posicionado a uma altitude considerável, o "mergulhador" pudera cair directamente na água provocando no reu rabo desagradáveis salpicos com água fria.

Desvantagens: O perigo que representa para a sua integridade física. É aquele que eu chamo o modelo de “Flexigurança”: para o executar é necessário alguma flexibilidade, equilíbrio e muito pouca consciência do que é estar em segurança.

Técnica do Baloiço: Consiste em colocar as mãos entre o tampo e a as pernas de modo a formar um banco unipessoal e intransmissível sobre a sanita. Esta técnica nunca foi testada por mim mas tive acesso a relatos de pessoas que me garantiram não quererem mais nenhuma. Não se preocupem, certificar-me-ei pessoalmente de que essa gente receba a sua medicação revista e aumentada…»


Post publicado no Blog do Bidé do Gervásio.
Um verdadeiro manual no combate à transmissão de doenças sanitariamente transmissíveis. Uma ferramenta imprescindível a qualquer delegado de saúde que se preze.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

O novo filme de Sofia Coppola



Já vi a nova película da Sofia Coppola, Marie Antoinette.
Não é excelente, mas é óptima.
Retrata de forma sui generis (quase um déja vu de Lost in Translation) a jovem austríaca que, sozinha, sem orientação e perdida na riqueza da atmosfera isolada de Versalhes, se torna a monarca mais incompreendida e extravagante da França. Quem se apresentava inicialmente como a 'salvadora' do povo, tornou-se a sua principal presa, justificado pela sua insensibilidade traduzida em frases míticas como: -'Se não há pão, comam bolos!'


Vale a pena ver.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Destino, para onde me levas?...

Algures na vida, mais cedo ou mais tarde, todos nós temos que fazer escolhas.
Somos chamados a optar por algo que pode mudar a nossa vida. A decidir um rumo. A escolher um caminho.
Segunda-feira, dia 11, eu faço a escolha da minha vida. A ESCOLHA.
Escolho não apenas a especialidade, mas também o local onde vou provavelmente passar o resto da minha vida. Certezas, zero.
A escolha não seria tão complexa se eu não me dividisse entre dois caminhos completamente opostos e distintos, como a noite e o dia: uma especialidade trabalhosa, menos prestigiada, numa cidade pacata com qualidade de vida OU uma especialidade leve, de qualidade, numa grande cidade, com todo o seu frenesim e solidão, e que me proporcione outros vôos? O amor à bata ou o amor a mim própria? O coração ou a ambição? Não arriscar ou arriscar?

José Mourinho disse uma vez que uma grande decisão se faz em apenas 1 minuto.
Eu, pelo contrário, estou a demorar uma vida....

domingo, dezembro 03, 2006

São 16h07m da tarde...

Enquanto vejo (e bocejo) o 'Eixo do Mal',
aguardo pelas 19h para seguir as aventuras de Meredith Grey...

Devem os médicos de família realizar urgências hospitalares??

A tempomedicina relança o debate:

«Trabalho dos médicos de família nas urgências

Opiniões dividem-se
Os especialistas em Medicina Geral e Familiar (MGF) devem ou não trabalhar nas urgências hospitalares? (...).
A participação dos médicos de MGF nas equipas de urgência é uma prática mais ou menos comum em alguns hospitais do País. Contudo, entre os médicos, as opiniões dividem-se quanto ao acerto de uma prática em que clínicos especializados para os cuidados de primeira linha exerçam em ambiente hospitalar. A discussão não é nova, mas numa altura em que são conhecidas soluções no mínimo originais, como o recurso a «tarefeiros» ou a jovens médicos em formação, para colmatar a falta de médicos nas urgências, vale a pena debater o assunto.

José Manuel Silva, presidente do Conselho Regional do Centro (CRC) da Ordem dos Médicos, defende que a formação e experiência dos especialistas em MGF pode ser útil na urgência geral

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Carlos Arroz, alega que tal não faz parte do «conteúdo funcional» daquela carreira, vocacionada para os cuidados de saúde primários.
Os representantes da especialidade também
se dividem, mas
tendem a condenar a prática, sobretudo se esta vier a ser obrigatória.»


A minha opinião é muito simples, sem qualquer atenuante complexo a interferir:

Concordo que as urgências hospitalares à priori não fazem parte do 'conteúdo funcional' da carreira da MGF, mas estes colegas deverão voluntariamente poder participar nas urgências hospitalares, caso assim o entendam (e caso haja necessidade de reforços humanos nas equipas médicas hospitalares).

Aliás, estes colegas podem ter extrema utilidade no atendimento dos casos de menor gravidade médica, os chamados 'verdes' e 'azuis' da Triagem de Manchester, que 99,9% das vezes são casos de 'consulta'.

Obrigatoriedade de participação nas urgências hospitalres NUNCA, apenas no internato complementar da especialidade.

sábado, dezembro 02, 2006

Simples, não é?


Li uma frase do jornalista Carlos Daniel, na rubrica «Os meus medos» da revista Sábado, que traduz de forma tão simplista quanto real, a minha forma de encarar as pessoas 'angélicas' com quem me cruzo diariamente:
«Tenho muito medo das pessoas com óptimo feitio, que nunca se exaltam e que têm boa relação com toda a gente.
Têm de certeza um grande defeito.
E pior, está escondido.»


Não podia estar mais de acordo.
Sempre detestei gatas borralheiras.
Sempre detestei os amigos perfeitos, que nunca discutem e que dizem que sim a tudo.
Pior ainda, os coleguinhas-que-dizem-que-sim-a-tudo e que são os predilectos do chefe, e mal tiramos a bata, espetam-nos com o bisturi que tiver mais a mão.

Basta.

Problema com o Internet Explorer

No dia de ontem e hoje, a visualização do blog O.N.R. com o browser Internet Explorer está a ocorrer com anomalias técnicas.
O problema está a tentar ser reparado.
Pedimos desculpa pelo incómodo.

1 Dezembro 2006 -Dia Mundial da Luta contra a SIDA

HIV/AIDs