segunda-feira, janeiro 01, 2007

Não há como um dia depois do outro. Não há como um ano depois de outro.

Encontrei um grande post no Portugal dos pequeninos:



"Pensem quais podem ser as razões básicas para o desespero.
Cada um de vocês terá as suas. Proponho-vos as minhas:
a volubilidade do amor, a fragilidade do nosso corpo,
a opressiva mesquinhez que domina a vida social,
a trágica solidão em que no fundo todos vivemos,
os reveses da amizade,
a monotonia e a insensibilidade que andam associadas ao costume de viver."

Enrique Vila-Matas, Paris nunca se acaba

«Não há como um dia depois do outro. Por acaso de calendário, o dia de hoje fecha um mês e fecha um ano. Há muitos anos que já não existem anos diferentes. Não adianta olhar para trás. O passado está pejado de cruzes. As dos nossos mortos, as dos nossos "ideais", as dos nossos desejos, as dos nossos amantes - bonita expressão a de Hervé Guibert, "o mausoléu dos amantes" -, as das nossas múltiplas vidas. Todo o homem é um ser complexo e só os pobres de espírito podem supor que tudo corre como numa auto-estrada no meio do deserto, sem trânsito e sem outra paisagem que não o sol e o céu azul. Proust escreveu que era preciso guardar um pouco de céu azul na nossa vida, logo esse nervoso genial que se fechou num quarto para remoer "o tempo perdido". Não, não adianta olhar para trás. Aos quarenta e seis está-se mais perto dos cinquenta do que dos vinte, dos trinta ou mesmo dos quarenta. Provavelmente houve um tempo para tudo da mesma forma que haverá agora um tempo para um outro tudo. Nas magníficas páginas iniciais do seu "Saint Genet - comédien et martyr", Sartre adverte que, sermos ainda o que vamos deixar de ser e sermos já o que seremos, é a mais solene e trágica das nossas condições. Olho para o futuro com a esperança do "progressista" que não sou. Não há como um ano depois do outro.»
Posted by João Gonçalves

Dá que pensar, não dá?

3 comentários:

Su disse...

"Há muitos anos que já não existem anos diferentes."

Admito que sim, que temos de reinventar tudo de novo todos os anos. E superar as perdas com novas vitórias ou optimismo renovado. Mas há outra maneira? Talvez se fique mais amargo ao longo dos anos... Ou talvez mais conformado...
De qualquer modo desejo-te um ano em cheio.

Maria disse...

Um óptimo 2007!
Que cidade nova será a tua?

Gasel disse...

Bom 2007.Bom começo da "nova vida" :)