quarta-feira, novembro 29, 2006

E no meio da Catástrofe, uma pequena Catástrofe...

No seguimento do meu post anterior....

..hoje, o day after pós-simulacro, cheguei ao hospital e vi um colega mais velho triste e cabisbaixo. Nada me prenderia a atenção mais do que o tempo suficiente para dizer 'bom dia' e continuar a ver os meus doentes. Contudo, ele é um daqueles colegas raros que para além de bom profissional e bom colega, é também um ser humano fantástico, em que nenhum doente lhe aponta o dedo. (Aliás, se ele fosse um hotel, viria escrito um meritoso 'excepcional' e '6 estrelas' ao lado....)
Parei e sentei-me ao seu lado. Peguntei o que se passava.
Em jeito de desabafo, ele contou:

-No meio da balbúrdia do simulacro, o bloco de consultas (onde geralmente os doentes triados a verde (pouco urgentes) são observados, com um intervalo máximo normal de 120min) entopiu. Para além dos verdes, excepcionalmente também se acumularam alguns amarelos.
Uma pilha de fichas acumulou-se em cima das boxes de consulta ( e esboçou gestualmente uns 10 cm de dedos...) A primeira ficha pertencia a uma rapariga de 17 anos, uma doente com trissomia 21 que vinha hoje ao S.U. por dor de dentes, acompanhada pela mãe... Chamava-se Maria (nome fícticio). Uma dor de dentes, imagina! Não sou dentista e chamar o estomatologista de prevenção é uma tarefa mais difícil que encontrar uma agulha num palheiro... (continuou a descrição:) Perguntei-lhe se tinha ouvido os apelos na rádio para recorrer aos centros de saúde dadas as circunstâncias de simulacro.... Ela peremptoriamente disse que sim, mas que isso não a impediu de vir ao hospital. A filha tinha dor de dentes (o colega respirou fundo...) Ao ouvir aquilo, mandei-a embora para os centros de saúde, sem lhe fazer nem prescrever qualquer tipo de medicação analgésica.... E continuei a olhar para a pilha de fichas 'reais' que se acumulavam durante o simulacro.... Arrependi-me, ainda saí atrás delas, mas elas já iam longe em direcção ao centro de saúde....
Já fiz muitas coisas boas pelas pessoas na urgência, mas ontem fiz uma coisa má e não se sai da cabeça....

-Não te preocupes -disse eu. - Tenho a certeza que ela foi bem atendida no centro de saúde. E tu, és o melhor médico do mundo. Todos nós temos dias 'menos reais'....

Catástrofe

Como tinha prometido ontem, passo a descrever como foi o meu primeiro simulacro de catástrofe (e espero futuramente não passar disto, ou seja, de um simulacro apenas...):

Foi simulada uma queda de avião inglês com cerca de uma centena de feridos, com intuito principal de testar os planos de evacuação pré-hospitalar numa situação de catástrofe, testando as capacidades das diversas forças operacionais e de intervenção, quer civis quer militares, mas também (e já agora, e porque não?) a actuação intra-hospitalar neste tipo de emergência.
(e aqui lanço uma interrogação: onde está o o plano de actuação intra-hospitalar numa situação de catástrofe?? Sinceramente, nunca o vi....)

Muito sumariamente:
Ás 10h20m ligaram para o hospital e deram o alarme de situação catástrofe -uma queda de uma avião com 149 feridos (caso a memória não falhe).
...
Enquanto paralelamente decorria o pré-hospitalar (e com os olhares populares curiosos a atrapalhar como se tratasse de uma situação real), houve uma evacuação imediata dos doentes 'reais' da urgência do hospital para outros locais/pisos do edifício, de maneira a ter espaço(s) apropriado(s) à recepção de doentes feridos em larga escala. Os que saíram ilesos, foram levados para locais de acolhimento, onde receberam apoio psicológico.
Accionaram-se meios, cortou-se as chamadas de carácter não emergente para o hospital, mobilizou-se pessoal de saúde, equipou-se esses locais com equipamento adequado, registaram-se os tempos de actuação.
Alertas na rádio para a população que necessitasse de cuidados de saúde se dirigir aos centros de saúde da zona, que excepcionalmente, se encontrariam abertos até mais tarde.
...
Cronometrou-se e esperou-se. Todos nós vivíamos cada segundo que passava como se fosse o último. O relógio não parava e havia mil e uma coisas a preparar antes da chegada dos 'feridos'. Faltava sempre alguma coisa, um pormenor que ficara esquecido com os planos de emergência no fundo de uma gaveta...
...
Finalmente chegavam os feridos em bolús.
Os feridos mais graves (que contrariamente o esperado numa situação de catástrofe foram os primeiros a chegar...) foram transportados de helicóptero para o aeroporto e depois, de ambulância para o hospital, antecedidos por equipas de batedores da polícia e sirenes estridentes.
Os jornalistas, os representantes das embaixadas estrangeiras e os curiosos colocaram-se estrategicamente à entrada do hospital (do lado de fora). E o gabinete de triagem também (do lado de dentro).
A triagem secundária, executada num ápice, visava apenas a probabilidade de sobrevivência, e não a gravidade da situação como rotineiramente ocorre (pois é, aqui não interessava se se tratava de uma grávida, idoso, adulto ou criança!! A probabilidade de sobrevida era o único factor a considerar...).
Os doentes triados a vermelho e amarelo foram rapidamente conduzidos às respectivas salas, onde uma equipa de médicos e enfermeiros pré-designados os aguardavam. Ninguém saía do seu perímetro de actuação.
...
Fiquei colocada nos amarelos, onde pude dar (e colaborar na) assistência a alguns 'doentes', maioritariamente de carácter ortopédico-cirúrgico, o mais grave dos quais um T.V.M. -traumatismo vertebro-medular.
Interrogatório breve e capacidade de síntese (o crónometro não parava). Os 'feridos' vinham de maca, 'ensanguentados', com o vestuário rasgado e com um texto bem ensaiado pronto a debitar... Como se tudo fosse real...
...
O kit de triagem trazia já folhas de imagiologia, patologia clínica (hemograma, bioquímica), imunohemoterapia e tubos de colheita. (Obviamente as colheitas foram simuladas e amostras vazias enviadas ao laboratório; o mesmo ocorreu na imagiologia).
Não havia tempo a perder... Registaram-se os tempos.
...
Até que, ás 16htal, o período de crise foi dado por terminado...
Uff, respirou-se de alívio.
...
Foi sem dúvida um bom ensaio, pensado ao milímetro (pronto, ao centímetro.) Senti-me satisfeita por poder participar num simulacro 'tão real' de uma possível situação de catástrofe, situações-tão-raras-mas-que- podem-acontecer-a- qualquer-instante-mas-que-ninguém-quer-que-ocorra- no-seu-dia-de-urgência...

A determinada altura confesso que fiquei um bocado confusa e atordoada ao tentar destrinçar os doentes 'reais' e os 'não-reais'... (isto apesar dos apelos insistentes à população geral para se dirigir aos centros de saúde caso necessitasse de suporte assistencial, o que não foi cumprido por muitos doentes... Ora ora, suprise surprise...)
É porque, mesmo em simulacros, não se pode descuidar os doentes reais....
Um descuido pode conduzir a uma catástrofe... Das grandes.

terça-feira, novembro 28, 2006

Novo dia, nova urgência... de Catástrofe!

Mais um dia de urgência. Este diferente por sinal.
Houve um simulacro de uma situação de catástrofe (a queda de um avião airbus), e tivemos que accionar o plano intra-hospitalar de emergência (sim aquele que todos nós sabemos que existe mas ninguém nunca viu... E não estou a falar de Deus!)


Tou exausta.
Amanhã conto tudo.

domingo, novembro 26, 2006

Relembrando outros desabafos...

Hoje gostaria de prestar homenagem a um blog médico, o Desabafos de um Médico, que me acompanhou durante algum tempo nos meses árduos de estudo intensivo (intensivíssimo) para o exame de especialidade, que me conseguia abstrair das páginas intermináveis do Harissons e que me alimentava a alma enquanto o meu corpo entrava em burn-out.

Hoje os tempos são outros, o exame de especialidade está feito, o Desabafos de um Médico foi extinto (com muita pena minha) e eu própria lançei-me na blogosfera com o O.N.R. .
Para o J.C., seu autor anónimo, o meu Obrigado pela companhia.

Deixo-vos um post que fala da reanimação (ou da sua ausência), precisamente o tema do O.N.R. (Ordem para Não Reanimar) -[para os mais desatentos, O.N.R é simplificadamente, uma notinha que os médicos deixam rabiscado a letras bem grandes no processo clínico de alguns doentes com estado mais precário e/ou que não se preveja nenhum tipo de qualidade de vida pós-ressuscitação, no sentido de não realizar medidas de reanimação em caso de paragem cardiorespiratória].

Vale a pena ler.

«A primeira reanimação em que participei como membro activo foi no 5º ano da faculdade. Desde o 4º ano que fazia bancos (voluntariamente, claro) com uma equipa de Medicina Interna no H. Sta Maria com alguma regularidade (...). Tinha assistido já à entrada de vários directos (doentes emergentes que entram directamente para a sala de reanimação), mas o meu papel tinha-se resumido a encolher-me num cantinho da sala para não incomodar. Um desses dias, estava eu na Sala de Observação (SO) a ver doentes, quando toca a campainha dos directos. Todos largámos o que estávamos a fazer e dirigimo-nos para a sala de directos. Toda a equipa (médicos, enfermeiros e auxiliares) preparou rapidamente a sala para a chegada do doente. Nem um minuto depois entra um homem enorme e obeso de maca, com a face arroxeada, em paragem cardiorrespiratória. Em três tempos foi colocado na mesa de reanimação, os enfermeiros canalizaram veias periféricas, foram colocados eléctrodos para avaliar o tipo de ritmo cardíaco e os parâmetros vitais foram observados pelos médicos. Eu, escondido no meu cantinho para não atrapalhar a dezena de pessoas que se agitava em torno do corpo, prestava atenção a todos os detalhes. O doente estava em assistolia (termo científico para a linha plana no electrocardiograma), o que não representava bom prognóstico (seria bem mais fácil reverter uma fibrilhação ventricular com um choque...). Um dos médicos, por sinal um médico muito alto e forte, começou a fazer massagem cardíaca, enquanto os outros administravam fármacos adequados e tentavam intubar o doente (colocar um tubo da boca até às vias respiratórias para facilitar a ventilação). O tempo passava, e nem a assistolia desaparecia nem conseguiam intubar o doente, que devido à sua obesidade era bastante difícil. Chamou-se a Anestesiologia (com grande prática de intubação) para tentar intubar, que em poucos segundos se pôs na sala de reanimação. E foi com a chegada da anestesista que eu, no meu cantinho, fui acossado para agir: o médico que estava a fazer massagem cardíaca apontou para mim e disse "Tu! J.! Vem para aqui, estou cansado!". Imediatamente desatei a suar profusamente, o meu coração começou a galopar e disse "E-eu?!". Mas não tive tempo para hesitações, num instante estava a substitui-lo e a fazer massagem cardíaca. O começo foi atribulado: a maca era altíssima, eu não, e precisei de um estrado para fazer massagem cardíaca de forma adequada. Na minha cabeça revia os passos que tinha aprendido com "os bonecos" para fazer tudo correctamente. Coloco as mãos em cima do esterno do doente e faço a primeira compressão: senti imediatamente dois ou três "crack!" debaixo das minhas mãos... Lembrei-me da frase proferida pela instrutora das aulas de reanimação: "com força suficiente para ser eficaz, mas de preferência sem partir costelas!". Se já estava suado, mais fiquei, e moderei a força das compressões seguintes. Entretanto a anestesista tentava intubar o doente, mas até ela estava com uma dificuldade imensa. Quando finalmente parecia intubado, começei a sentir algo estranho. Estava com mais dificuldade em fazer as compressões: parecia que o abdómen estava cada vez mais volumoso... "Está no estômago, o ar está a entrar para o estômago!", disse. A anestesista correu para o doente novamente, e confirmou, descomprimindo o ar no interior do estômago, que de facto a intubação não tinha sido eficaz. Voltou a tentar, e finalmente conseguiu. Entretanto passavam-se talvez três ou quatro minutos desde que eu tinha começado a massagem cardíaca (ou seria um ou dois?!?), e os meus braços estavam absolutamente entorpecidos, as costas doíam-me como se eu tivesse 90 anos, a minha camisa estava encharcada, e o meu coração galopava como se não houvesse amanhã... O coração do doente é que não parecia seguir o exemplo do meu... Algum tempo depois, bastantes fármacos depois, e uma substituição iminente (eu estava quase a morrer ali também), o coração do doente pareceu responder. Todos me gritaram: "pára!", porque a massagem interfere com o electrocardiograma, e quando parei confirmámos o que parecia: tinhamos tido sucesso! O coração batia por si! Desci do estrado, e fui com alguns dos outros de volta para o SO, descansar um pouco, com um sorriso nos lábios. Apercebi-me então que era o único com um sorriso nos lábios... Perguntei porquê, e rapidamente percebi: todo o tempo decorrido, acrescido da deficiente ventilação, tornavam muito prováveis a irreversibilidade dos danos cerebrais. Ou seja, provavelmente aquela reanimação resultaria numa permanente "ligação à máquina"... Pouco depois, e afinal para nosso alívio, disseram-nos que o doente não tinha resistido, acabando mesmo por falecer...
Nunca cheguei a perceber se a "minha" primeira reanimação tinha sido um sucesso ou não...»

sábado, novembro 25, 2006

Novo dia, nova urgência...

Qualquer semelhança com uma telenovela mexicana é pura coincidência:

O Sr. António Gomes (nome fíciticio) veio triado de amarelo.
Entrou acompanhado pela esposa.
Vinha enviado do C.S. por dispneia e prostração.
Tinha tido alta há 2 semanas de um serviço de Medicina por infecção urinária complicada. Estava medicado desde há 1 semana por recorrência da infecção urinária com ciprofloxacina. Tinha estado na urgência há 3 dias por 'dor no pénis' (sic). Vinha hoje à urgência por dificuldade respirátoria e prostração.
AP: acamado e epiléptico.
Ah, e a mulher insistia que ele tinha vómitos 'raiados de sangue' (sic).
(-Raiados de sangue Sr. Dra., não se esqueça, raiados de sangue!! -a mim só me vinha à memória os indíviduos que vão à internet, nomeadamente, aos sites de saúde brasileiros rebuscar frases pomposas para agravar (e adulterar) um estado de doença...)
(Que belo dia de sábado para se fazer urgência, pensava eu..)
Pedi rotinas, Rx tórax, multistixx. Fiz gasimetria. Não fosse o diabo têce-las, pedi Rx abdomén simples.
Fiz medicação endovenosa para os vómitos.
Quis enviar o doente para a sala da oxigenoterapia, mas o colega mais velho encarregue pela sala disse que o quadro clínico não era suficiente para levá-lo para sala de recuperação (este broncoespasmo não é suficiente? quase rosnei....). A gasimetria de facto assim o confirmou. O rx tórax também foi incaracterístico (dei-me por vencida....)

Entretanto, a esposa veio perguntar (quase ordenar) se o marido não poderia ficar internado connosco:
-Já viu o que é ter de cuidar de um homem destes, assim neste estado....! Olhe para isto... Assim não dá! Não pode ficar internado?
(Desta vez rosnei mesmo.... Adoro quando os familiares começam a dar palpites sobre a nossa actuação e quando esses palpites são com intuito de se livrarem dos próprios familiares.... Respirei fundo, apelei a minha paciência...)
-Quem se casou com ele foi a Sra, não eu!... Só as análises e os outros exames é que dirão o que fazer.

Multistixx fortemente positivo para proteinúria e hematúria. Continuava prostrado. E eu continuava a não gostava daquela clínica.

Decidi consultar um médico mais velho para me ajudar a convencer o colega da sala de recuperação a aceitar o doente. O meu colega aceitou o desafio mas a resposta final não tardou: NÃO!

Decidi mudar de estratégia. Aspirar secreções. Aguardar calmamente análises.

Entrentanto, o movimento da urgência abrandou e tive a infeliz ideia de olhar para os rx's novamente:
Rx tórax, mal executado, mas limpo concerteza.
Rx abdómem simples... com uma distensão cólica marcadíssima.... (raios partam....chamei um cirurgião porreirinho que também lá estava de plantão para ver a imagem...):
-MMmm.....Sem dúvida que isto tem muito ar cá dentro. Tem evacuado? Sim. Palpação dolorosa? Sim, no hipogastro. MMMmmm, olha pede também o Rx abdómem tangencial para ver se tem NHA....

Entretanto, quando o colega da sala de recuperação foi finalmente almoçar, decidi optar por outra abordagem: falar com a nova colega que o substituia.
Queria sentar-me e discutir aquele doente de uma ponta a outra como um bom internista deve fazer. Mas a resposta da colega foi prontíssima:
-Não, agora não. Estou sozinha aqui e no S.O. Estou aflitíssima... (e de facto estava...)

Bem, voltei à táctica inicial. Aguardar a chegada das rotinas....

Chegaram. Eureka! O doente tinha uma hiponatrémia de 115 mEq/m, o que obrigava a reposição imediata de solutos e portanto, uma estadia (longa) na sala de recuperação....

Batalha ganha. Por vezes, a persistência tem frutos.

quinta-feira, novembro 23, 2006

A poupança da gasimetria

A gasimetria está para para um aluno de medicina da mesma forma que um kart está para um pretenso corredor de fórmula1. São as regras da vida.

Isto a propósito de, há uns tempos atrás, enquanto eu via a minha panóplia de doentes diários, ter visto uma aluna de medicina, em estágio no meu singelo hospital, unidade de carácter não-universitário, a iniciar-se nessa prática quase mágica para qualquer candidato a médico.

Como estava na mesma sala que a futura colega, não me inibi de observa-lá, discreta e atentamente (NÃO faças aos outros o que não gostas que te façam a ti -já vinha nos mandamentos. Sempre detestei que muitos olhos se focassem nas minhas técnicas: para além da pressão acrescida, ficava taquicardizada e ruborizada, e não sei por que diabos corriam sempre menos bem...
Nunca me esqueço e, perdoem-me a oportunidade, de, no meu último estágio do meu último ano de faculdade, o meu tutor ter-me dito para fazer (mais) uma paracentese diagnóstica. Desta vez era um doente com uma ascite discreta e, enquanto eu sagradamente confirmava o material disposto no tabuleiro, o meu tutor decidiu chamar todos os coleguinhas mais novos que estavam a estagiar naquele serviço para aprenderem como é que se fazia uma paracentese... Qual rebanho, qual pastor....Só me aptecia picar os neurónios do autor daquela bela ideia! Vá lá, até correu bem....
,
mas continuando o post....). Observava-a de soslaio:
Vi-a tentar uma vez. E não conseguiu.
perguntei se ela precisava de ajuda, e ela disse que não, que já tinha sido ensinada no seu hospital universitário (que faz toda a diferença, claro está...)
Mudou de seringa, e tentou outra vez. Nada.
fingi que não vi para não a atrapalhar.
Mudou de punho, mudou de seringa e voltou a picar. Nada.
desta vez, sem conseguir ficar indiferente, disse que não se preocupasse porque nem sempre se acerta à primeira, que há pulsos filiformes e artérias tortuosas que acrescem um grau de difuldade à punção, eo blah blah blah do costume. Ofereci-me para fazer a punção, prosposta que ela rejeitou... Limitei-me a dizer que não era necessário inutilizar de imediato as seringas vazias ao qual ela ripostou, que entupiam e que dificultava... Não respondi.
Mudou de seringa. Picou. Não acertou.
Desta vez e, terminada a observação dos doentes que tinha para ver, eu deixei a sala...

Num época em que se fala cada vez mais em economia (aliás, SÓ se fala em economia!), em gestão hospitalar e como evitar o desperdício, fiquei a pensar....
Fiquei a pensar quantas seringas ela teria inutilmente inutilizado...
Fiquei a pensar no custo de cada seringa.... (que confessando a minha ignorância (e a dela, pelos vistos) também eu não sabia...)

Fiquei a pensar que, uma das formas possíveis de reduzir o gasto e o desperdício hospitalar, seria de, nas requisições de análises clínicas, imagiologia, electrocardiografia, constar o preço de cada exame a requisitar.

Isso far-nos-ia parar e pensar. Só se poupa quando se sabe o custo e quando esse custo, pode interferir com o nosso bolso.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Emma Shapplin ao vivo.... Sem palavras

Para ouvir BEM ALTO e de OLHOS FECHADOS.

Até arrepia.

Descobri-a por acaso, num CD que acumulava pó numa estante a um canto do quarto. Numa mais a larguei nas minhas horas mais penosas.

Silêncio, que se vai canta Spente la Stelle

terça-feira, novembro 21, 2006

Mapa de vagas finalmente publicado...

Saiu. Para mim, um sentimento de revolta instala-se insidiosamente.
Por 2 motivos:

1. Eu tinha 6 vagas preferidas.....dessas retiraram1, sobraram 5.

2. Como se não bastasse, das referidas 6 (agora 5) vagas, tiraram a minha primeirissíma opção, o hospital da minha preferência...

Há dias assim...

Continuamos à espera Sr. Ministro!!!


As vagas Sr. Ministro, as vagas!







Em caso de diminuição da memória: Cerebrum Forte,
estimula o fluxo sanguíneo cerebral

Voltando ao assunto caliente da interrupção voluntária da gravidez....

segunda-feira, novembro 20, 2006

Prioridades do Governo

Há coisa que eu realmente não entendo.

Não aceito.

Preciso que me expliquem como se eu fosse uma criança de 4 anos.

Ou como se eu fosse muito burra.

Fiquei hoje atordoada, quase lipotímica, quando li a notícia que Alberto João Jardim já não considerava o novo hospital do Funchal como uma prioridade para o Programa de Governo 2004-2008 face à contenção financeira regional.

Compreendo e aceito que, em alturas de crise, se impõe o fecho da braguilha. Percebo perfeitamente.

O que o meu cérebro asnático não consegue imaginar é o motivo pela qual o novo estádio do C.S.Marítimo consta da lista das prioridades orçamentais elaborada pelo presidente do executivo madeirense.

Repito: o novo estádio do C.S.Marítimo!!

Como madeirense e maritimista (já nem falo como médica…) sinto-me revoltada como esta decisão solípede e trauliteira.
Ainda por cima, como defensora acérrima habitué da política do Alberto João Jardim.

Bem sei que, o actual Hospital Central do Funchal (composto na teoria por 3 hospitais, um dos quais sem a prestação activa de cuidados médicos) tem uma sobrevida a longo prazo aceitável, mas uma concentração física das 3 unidades hospitalares levaria a uma economização de custos e recursos nos anos vindouros.


Mas, e o novo estádio da C.S.Marítimo? Que benefício é que nos traz, perante o cenário de restrições orçamentais que se perspectivam para os próximos anos?

Destaque

micróbio II

O funil

Receita para o Sr. Ministro da Saúde

A luta continua.

Mais informações no fórum do Médico Interno

domingo, novembro 19, 2006

Novo dia, nova urgência... (já perdi a conta)

Um sábado calmo. Calmo em demasia.
A um canto, os enfermeiros riam e combinavam a hora de mudança de turnos;
No outro lado da sala, os médicos: os internistas, sem fichas para ver, actualizavam as notícias do dia e bebiam café a prever as longas horas de espera; os cirurgiões comentavam as novidades do último congresso de laparascopia avançada.
Num movimento errático, os auxiliares de acção médica faziam o burburinho de fundo.


10h30m - A pasmaceira é interrompida pelo som estridente da campaínha da reanimação. Um toque. É para a medicina.
10h30m 05 seg -um homem obeso, aparentando quarenta anos, de fácies oligofrénico, um braço picado, é trazido pelos bombeiros em estado estuporoso.
10h30m 29 seg - Não responde. Respira ruídosamente.
10h 30m 55 seg -Oxigênio a alto débito. Acesso venoso. Monitorização electrocardiográfica.
10h 32m 01 seg -Tem pulso. Taquicardia sinusal. Monitorizar restantes sinais vitais.
10h 32m 34 seg - Naloxona ev.
10h 33m -falar com o familiar: "subitamente sentiu-se mal, vómitou e entrou em coma. Tudo muito rápido. Só tivemos tempo para chamar o 112" (sic).
10h 36m 05 seg -Pdiastólica de 135 mmHg.
10h 36m 06seg -Adalat sublingual. Rápido.
10h 39m 15 seg - Requisições para colheita de análises e TC-CE. Gasimetrias e Rx tórax quando possível. O doente desce já.
...

TC-CE: hemorragia extensa do tronco cerebral.
...
S.O.: começa com febre ~39ºc refratária aos antipiréticos. Agravamento da depressão respiratória. Aprofundamento do coma. O.N.R.

sábado, novembro 18, 2006

A resposta do CNMI (mãos à obra!)

«E aí está:
quando todos julgamos que já isto tudo bateu bem no fundo, eis que o MS nos mostra um abismo por detrás dos abismos já criados no passado recente!
Fantástica a lição de responsabilidade e de exemplo estatal que nos é dada por este executivo! Mostram bem que os jovens médicos estão bem colocados na lista de prioridades deste executivo.
Se tivéssemos feito uma providência cautelar, uma vigília em frente ao MS ou conseguido aquele furo jornalístico será que tudo isto tinha sucedido? Claro que não!
O prémio da compreensão sem limites, da paciência é exactamente este: um total desrespeito e gozação!!!

O que nos propomos fazer:
Responder ao Provedor de Justiça com este belo exemplo e apelar que este se coloque, para variar, do lado do cidadão que impotente assiste a um total desgoverno daqueles a quem paga os salários pelos seus impostos.
Estudar a possibilidade de colocar em tribunal o Ministério da Saúde.
Tentar, uma vez mais, sensibilizar a comunicação social para mais este insólito MS.

Para este último objectivo precisamos de mais ideias que possam despertar o interesse dos media, uma vez que nas páginas que dão conta da incompetência da máquina do estado já não há espaço!
Proponho que os colegas, inspirados no recém exame Harrison e socorridos da classificação internacional de doenças nos façam chegar uma lista de diagnósticos clínicos que possam ser usados como chamariz para as notícias a publicar; já agora todas as propostas terapêuticas são bem vindas! (medicointerno@gmail.com)

Ao que apuramos o senhor ministro estava na Turquia (regressaria à noite a Lisboa) mas como as comadres andam zangadas, desde o último episódio formidável da suspensão do mapa de vagas, e talvez com o intuito de precipitar mais uma crise, das muitas do MS, decidiram vingar-se nos jovens médicos e vai daí não há vagas para os rapazes!


Cabe-nos a todos provar que escolheram mal os adversários para esta luta...»

sexta-feira, novembro 17, 2006

Vergonha Sr ministro, vergonha!

Mais uma vez os prazos NÃO foram cumpridos!

Aquando da (infeliz) revogação do mapa de vagas anterior foi estabelecido o dia 17 de Novembro como prazo-limite para a publicação do novo mapa de vagas.

Hoje é 17 de Novembro, sexta-feira.
Vagas? Essas, nem vê-las.

Será que já nem se respeitam os prazos-limites para os concursos para a função pública em Portugal, neste país dito civilizado e que há uns anos atrás competia para entrar no pelotão da frente da Europa??

Vergonha.


O rídiculo chegou a este ponto:

Excerto de contacto telefónico:
09h10: "A D. Ana Nascimento ainda não chegou".
09h30: "A D. Ana Nascimento ainda não chegou".
09h40:
eu: Bom dia, o meu nome é .... e sou Interno do Ano Comum. Gostaria de saber se está previsto para hoje a publicação do mapa de vagas para o Concurso do Internato Médico de 2006?

AN: O mapa de vagas? Hoje? Acho que não.

eu: Trata-se do mapa de vagas que irá substituir aquele que foi revogado pelo ministro da saúde.

AN: O sr. ministro não revogou o mapa de vagas, foi o sr. secretário-geral.

eu: mas cumprindo um despacho do ministro.

AN: ah, pois. Mas no despacho do sr. ministro não há referência à nova data de saída das vagas.

eu: Mas eu estou a ver no site da secretaria-geral essa informação, ou seja que sairão a 17 de Novembro.

AN: No site?! Impossível!

eu: Tem um computador com internet consigo?

AN: Sim.

eu: Por favor vá até www.sg.min-saude.pt/IMRevogacao.asp

AN: Ah, pois, tem razão. Vou tentar informar-me sobre essa questão. Tente ligar na parte da tarde.

eu: Muito obrigado. Bom dia

AN: Bom dia.

Jeff Buckley faria hoje 40 anos

«Jeff Buckley, a voz além da tragédia, faria 40 anos hoje

Lauro Lisboa Garcia



Jeff Buckley

Jeff Buckley faria 40 anos nesta sexta-feira.
De popularidade um tanto restrita, ele vem ganhando admiradores a cada ano, como todo bom mito do rock que morreu jovem.
O público em geral terá oportunidade de conhecer parte de sua história, provavelmente a mais dramática, quando o filme Mystery White Boy, há muito esperado pelos fãs (e criticado de antemão por alguns), chegar às telas. Baseado no que se sabe que Hollywood fez e faz com o componente trágico da vida de grandes ícones (Jim Morrison, Ray Charles, Johnny Cash), é de esperar que o filme não seja digno do arrebatamento musical do biografado.»

Porque ninguém que ser médico de família (quando for grande)?

MINISTÉRIO DA SAÚDE
Gabinete do Ministro
Despacho n.o 23 095/2006

A carência de médicos que se faz sentir na área da medicina geral
e familiar é notória e sentida pela população.

A reforma dos cuidados de saúde primários constitui uma prioridade
do Ministério da Saúde, pelo que se impõe, entre outras acções, que
o processo de admissão ao internato médico concorra para se atingirem
os ambiciosos objectivos que com aquela reforma se pretende alcançar.

O número de vagas de medicina geral e familiar que tem vindo
a ser disponibilizado para os internatos médicos, apesar do acréscimo
verificado nos últimos anos em resultado do esforço de articulação
desenvolvido pela Secretaria-Geral do Ministério da Saúde com as
diversas entidades que intervêm no processo, mantém-se abaixo do
necessário.

É, pois, imprescindível e inadiável reforçar significativamente o
número de vagas dessa especialidade.

Assim, determino:
1—Que se altere o mapa de vagas por área profissional de especialização
referente ao internato médico 2006, divulgado na página
da Internet da Secretaria-Geral do Ministério da Saúde, de forma
que o número de vagas de medicina geral e familiar corresponda
a 20% do total das vagas colocadas a concurso.
2—Que, para os internatos médicos que se iniciem a partir de
2007, o número de vagas de medicina geral e familiar corresponda
a um mínimo de 25% do total das vagas a colocar a concurso.
3—Que os avisos n.os 10 987/2006 e 10 988/2006, publicados no
Diário da República, 2.a série, n.o 195, de 10 de Outubro de 2006,
sejam alterados, de forma que se cumpra o disposto no número
anterior.
20 de Outubro de 2006.—O Ministro da Saúde, António Fernando
Correia de Campos.


Concordo em tudo o que o nosso Sr. ministro, CC, escreveu. Tudo, excepto, revogar um concurso já publicado oficialmente. É vergonhoso!
E concordo porque, não posso ser HIPÓCRITA, porque como já defendi, Portugal continua a ser o país da Europa com o maior rácio médicos/1000habitantes mas com uma péssima distribuição regional e/ou por especialidades, e é OBRIGATÓRIO canalizar médicos para as áreas carenciadas, neste caso MGF.

E continuando na linha de raciocínio da NÃO-HIPOCRISIA, admito que 99,9% dos jovens médicos de hoje NÃO estão interessados em seguir a carreira de médicos de família. Simplesmente não estão.

Porque? Mil razões poderia dar.

-A começar pelo próprio ministro que, se a memória não me atraiçoa, disse em linhas gerais, que se adoecesse nunca iria a um SAP (não sei a frase exacta, confesso).

-Por outro lado, os médicos hospitalares, verdadeitos senhores doutores de bata branca, muitas vezes descreditam e espancam verbalmente os colegas dos CS (e muitas vezes com a razão como aliada).

-Os próprios médicos de MGF são alvos de chacota-sef-made: colegas que limitam-se a encaminhar os doentes para outros colegas (fazendo lembrar os extintos polícias sinaleiros no meio de um cruzamento em hora de ponta), outros que ainda parecem verdadeiros 'João Semana's com a medicina do século XVIII (e sem qualquer intuito de actualização), alguns colegas que preferem ver os DIM a ver doentes (estes mais raros, felizmente), etc, etc.

-Os próprias faculdades de medicina que leccionam maioritariamente uma medicina hospitalar, com escassos dias de MFG (relembro o caso específico da Faculdade de Ciências Médicas da U.N.L, com uma cadeira de MGF exemplar e bem estruturada, mas que, fazendo bem as continhas, em 6 anos de curso são penas 60 dias de MGF...
Por mais ínsignias que tenha a cadeira, assim não se cativa ninguém, não é?)

-Para além destes motivos, o ISOLAMENTO, a ausência de verdadeiras URGÊNCIAS/EMERGÊNGIAS HOSPITALARES (e não estou a falar da unha encravada do 1º dedo do pé esquerdo) aliados a menores descargas de catecolaminhas (que todos nós dizemos mal, mas a verdade é que ninguém passa sem elas), a (suposta, sublinho SUPOSTA) MENOR REMUNERAÇÃO (e não me venham dizer que isso não é importante porque são tretas), são tudo factores co-adjuvantes para a não escolha da especialidade.

Mas a vida é assim.
Os que puderem safam-se, e escolhem outras especialidades (e serão elas realmente mais satisfatórias??).
Os que não puderem (leia-se, os que tiveram um choque anafilático ao Harrisson's), vão ter mesmo que enveredar por esse caminho.
Aprendam a gostar.
Por vezes há surpresas fantásticas.
E que as há, há.
Vão ver.

quinta-feira, novembro 16, 2006

amanha é o dia D

Pois é.
Amanhã é o dia D, mas devia ser o dia V, de vagas.
Amanhã é dia da publicação das 797 vagas de especialidade abertas ao internato médico 2006.

Nada de novo, não fosse a revogação-supresa das 797 vagas abertas apenas 7 dias após a sua publicação oficial.

Nada de novo, não fosse este um concurso público de admissão às especialidades de um país integrado na União Europeia.

Nada de novo, não já tivesse decorrido o exame de acesso à especialidade no 1º semestre deste ano e com os canditados completamente 'às cegas', sem qualquer tipo de orientação sobre quais e que vagas existiriam a concurso.

Nada de novo, no funcionalismo público deste país.

Nada de novo.

Haverá vagas novas?

Melhor filme publicitário anti-SIDA dos últimos 25 anos

Está a decorrer uma votação sobre o melhor filme publicitário na prevenção da infecção HIV/SIDA, realizado na União Europeia, nos últimos 25 anos. Neste site e clicar em films e depois votar.
Vale a pena ver e votar.
Mudar mentalidades.

Eu tenho o meu favorito. J'ai flirté avec toi -France

Achados & pérolas da nossa história


Decorriam os anos 80s.
Nasce o grupo Bananas, que mais tarde ficaria apenas Ban.
Em 1991 editam o disco 'Mundo de Aventuras'.

Vocalista do bananal?
João Loureiro
(esse mesmo, o do Boavista FC)

Um milénio depois, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência....

quarta-feira, novembro 15, 2006

E no resto do País?

Artigo da revista Tempo Medicina:

Ordem dos Médicos obrigada a intervir
Internos «tapam buracos» nas urgências
"Depois dos tarefeiros, são os internos. Algumas administrações hospitalares estão a recorrer aos médicos em formação para colmatar a falta de especialistas nas urgências. Nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) o facto levou à intervenção da Ordem dos Médicos, que promete estar atenta a casos similares.
O recurso a médicos indiferenciados pagos à hora, os chamados «tarefeiros», por parte de algumas administrações hospitalares, tem sido noticiado pelos meios de comunicação social generalistas. Mas esta não é a única solução adoptada pelas direcções para colmatar a falta de especialistas nos serviços de urgência. Alguns conselhos de administração estarão antes a recorrer a uma «fórmula» menos explosiva do ponto de vista mediático — a colocação de internos, com ou sem autonomia, na urgência geral."

Que novidade....

Será só nos H.U.C.???

Finalmente acabou

Uff, terminou o S.A.V.
Aprovada com distinção.

De volta à vida real...

Sudão

Al-Jazeera. Uma televisão que nos dá alguma satisfação. É um começo, mas está no bom caminho. Vejam esta discussão sobre o Sudão. No entanto, eu substituiria a palavra EUA por China. Vejam o que se passou na ONU. Quem bloqueou a resolução que permitia o envio de tropas da ONU para deter o genocídio? Quem está a desenvolver negócios em massa no Sudão e na maioria dos países africanos? Esta é uma questão esquecida mas não devia ser. É uma questão primordial dos nossos tempos, que é escondida pela constante acusação a Israel.

terça-feira, novembro 14, 2006

Após a tempestade...

Verde. VIDA.

Antibióticos: Uso ou Abuso

O Ministério da Saúde lançou a 8 de Novembro, uma campanha de sensibilização para esclarecer a população e os profissionais da área da saúde para o uso correcto dos antibióticos, disponível online neste site.
Inclusive há um teste sobre 'Uso correcto de AB -Você saber usar?»

Portugal está entre os 6 países da Europa que mais consomem antibióticos.

Aproximadamente dois terços de todos os antibióticos de toma oral no mundo, são obtidos sem uma receita médica e inapropriadamente usados para combater doenças como a tuberculose, malária, pneumonia e outras infecções mais usuais das crianças. *
( *The Global Infectious Disease Threat and Its Implications for the United States - NIE 99-17D, January 2000 - John C. Gannon, Chairman, National Intelligence Council)

A prescrição excessiva de antibióticos por parte dos médicos e a venda ilegal de antibióticos sujeitos a receita médica por parte dos farmacêuticos estão na base deste problema. São inúmeras as pressões (e de várias direcções) para a prescrição macissa destes fármacos.

É urgente mentar mentalidades!
Nem sempre os antibióticos são o melhor remédio!!
Em vez de se pensar «Que chatice, estou doente e o médico nem receitou antibiótico», deve-se dizer: «Uff, estou doente e, graças a Deus, nem foi preciso antibiótico!».

Respito: É preciso mudar mentalidades.

Já.

segunda-feira, novembro 13, 2006

2º dia de SAV

Exausta, parte 2.

2 teorias se confrontam na Medicina de Emergência: Stay and Play e Scoop and Run
Stay and Play: primeiro estabiliza-se o doente, presta-se os primeiros socorros, terapêuticas de infusão, entubação precoce e ventilação, de maneira a minimizar lesões orgão-alvo secundárias associadas ao choque.
Scoop and Run: sem tempo a perder, transporta-se rapidamente o doente sem tratamento primário para o hospital mais perto.




Tal como na vida.

Eis um artigo interessante sobre estas 2 teorias de emergência.

1º dia de S.A.V. (Suporte Avançado de Vida)

Exausta.
Mesmo muito exausta.

Não é fácil ser avaliada (e humilhada?) em frente aos mais novos e em frente aos mais velhos.
A teoria é uma coisa, mas a prática é outra....

Pensava que ia ser mais fácil.
Amanhã há mais.

Exaspero.

O livro que se segue -'O outro pé da sereia', de Mia Couto

"um cruzamento de viagens entre tempos e lugares em busca de miragens"
"a trama é um pretexto para pensar as grandes encruzilhadas, que não são as políticas ou económicas, mas as da identidade".

Assim que terminar 'Pride and Prejudice', da Jane Austen.

domingo, novembro 12, 2006

De novo o mesmo filme...

Ninguém fala disto...

Drum n' bass


Adam F

Relax....


Hôtel Costes 9

quinta-feira, novembro 09, 2006

straight to the point!

Porque Sócrates fechou a torneira...



www.marcamadeira.com


PS: E por favor, calem-me o Carlos César! Já chega de tanto lamber as botas ao gato Sócrates.

Carta de um director de serviço CONTRA a administração do SEU hospital

Esta é uma carta do director do Serviço de Estomatologia do Hospital Amato Lusitano, Dr. Vasco Rolo, contra a administração do seu póprio hospital:

Um verdadeito achado entre a fauna hospitalar...

«LULAS MINHAS QUERIDAS MANAS

CEFALÓPODES E lobos

Na sexta-feira passada fui falar com o Presidente de Administração do H.A.L. a propósito de um engano que os novos horários para os médicos do Serviço de Estomatologia traziam.
Depois de desfeito o engano o que foi rápido, deu-me o Presidente a noticia de que ele me classificava não na classe dos mamíferos ordem dos primatas como seria de pensar (quem pensa com a cabeça claro) mas na classe dos peixes, ordem dos cefalópodes.
Como o nome indica cefalópodes (pés na cabeça) são os polvos, as lulas e os chocos e Eu também, pelo menos na perspectiva do Presidente, uma vez que segundo ele penso e escrevo com os pés.
Não direi que foi uma conversa cordata, não foi, o Presidente, penso eu, com os pés, excedeu-se tanto nos insultos como na gritaria.
(...) como diz o povo “vozes de burro não chegam ao céu”. Por isso mesmo pedi a demissão do cargo de director de serviço. (que foi aceite)
(...)
O que realmente está em causa é a sensação de que se está a paralisar o hospital, de que o futuro já está bem definido, mas que não há a coragem de o dizer. Em vez disso vamos tendo cortes a avulso, noticias nos jornais que levantam a ponta do véu mas que deixam para trás o essencial de modo que a especulação torna-se a única forma de tentarmos prever o que será o nosso futuro próximo.
(...)
E posso afirmar com toda a certeza, que a maioria das pessoas que trabalham no hospital pensam que o nosso futuro é do pior.
(...)
Ameaças não se fazem, não são demonstrações de bom carácter, ou se faz cumprir a lei OU NÃO SE FAZ.
(...)
Estou de consciência muito tranquila pois toda a minha actividade no hospital tem tido a preocupação desde o inicio de servir sobretudo quem mais sofre e não tem meios para recorrer a outro lado.
(...)
Nas minhas decisões que poderiam ser mais polémicas foram acautelados os princípios de ordem ética e deontológica. (...) O mesmo tenho a certeza não fez a administração.
POR ISSO CUMPRAM AS AMEAÇAS e veremos que pagará.


Senão gostam do que escrevo melhor, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.

Deste humilde choco
Vasco Rolo»

Extraído do blog Hospital Amato Lusitano

quarta-feira, novembro 08, 2006

Falta de médicos em Potugal? Mito ou Realidade?

De acordo com a World Heath Report 2006, as estatísticas dizem-nos que:

Portugal

Physicians (density per 1 000 population): 3.42

Nurses (density per 1 000 population): 4.36

Dentists (density per 1 000 population): 0,55

Pharmacists (density per 1 000 population): 0.95


United Kingdom

Physicians (density per 1 000 population): 2.30

Nurses (density per 1 000 population): 12.12

Dentists (density per 1 000 population): 1.01

Pharmacists (density per 1 000 population): 051


Spain

Physicians (density per 1 000 population): 3,30

Nurses (density per 1 000 population): 7.68

Dentists (density per 1 000 population): 0,49

Pharmacists (density per 1 000 population):0,87


Germany

Physicians (density per 1 000 population): 3.37

Nurses (density per 1 000 population): 9,72

Dentists (density per 1 000 population): 0.78

Pharmacists (density per 1 000 population): 0.58

Quando o Senhor Ministro Correia de Campos vem dizer que há falta de médicos em Portugal, saberá ele o rácio CORRECTO de médicos/1000 habitantes??

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, Portugal, em 2003, tinha um rácio de médicos/1000 habitantes de 3.42, rácio este superior à média da União Europeia (3,28 médicos/1000 habitantes).

Da mesma forma, tudo isto é confirmado pelos números lançados pela World Health Report 2006, em que o nosso rácio médicos/1000 habitantes é superior ao dos chamados países desenvolvidos como a Inglaterra, Alemanha, Espanha, Dinamarca, Holanda, Suécia e Itália, conforme ilustrado nos gráficos.

Adicionalmente, estes números não têm em conta o aumento da idade da reforma nem o afluxo e fixação de médicos vindos de outros países, nomeadamente médicos de Leste e da vizinha Espanha (conhecida já pelo seu excesso de pessoal na área da saúde), o que contribui para um aumento de número de médicos que não foram contabilizados nestes estudos.

Com a abertura de 'novas' faculdade e principalmente com o aumento do numerus clausus nas faculdades pré-existentes, Portugal já excede largamente as necessidades formativas de novos médicos.

A falta de médicos é, de facto, um mito, amplamente alimentado pelos media nacionais.

Há, sim, uma má distribuição dos médicos, quer em termos de especialidades, quer em termos de distribuição geográfica, mas isso são problemas colocados à saída da licenciatura e não à entrada, tendo como única solução NÃO um aumento do numerus
clausus
para as faculdades de medicina, mas SIM uma canalização posterior para as especialidades carenciadas!
Caso contrário, limitamo-nos a aumentar o gap entre médicos formados e consequente má distribuição!!!

Não há falta de médicos!

Fonte: ANEM

Especialidades vs Super-especialidades

Hoje decidi homenagear um blog médico extinto desde há alguns dias para cá, o Interne-me.

Com um post simples e didáctico, diferenciando os especialistas dos super-super-super-especialistas:

«Uma das coisas que sempre me fez alguma confusão é o conceito de superespecialidade.
Tendo desde muito cedo optado por seguir uma especialidade considerada por muitos como menor, é sempre com algum gozo que vejo alguns colegas de especialidades ditas "diferenciadas" a olhar-me de cima a baixo (o que no meu caso concreto é sempre dificil, e bem capaz de provocar lesões ao nível da coluna cervical dos ditos superespecialistas...) sempre que me aventuro discutir temas das suas áreas de conhecimento.
Adoro estas aves raras que pululam pelos nossos hospitais, observando (sempre muito enfadados...) os doentes que os míseros especialistas lhe pedem para observar (quando os observam...)
Claro que os há simpáticos e disponíveis, e que estes são, felizmente a imensa maioria, mas os superespecialistas são realmente os mais engraçados de todos.

Como se reconhece um superespecialista?
Bem, comecemos pelo principio.
Não é, obviamente, um cirurgião geral, um internista ou um clinico geral. Não!
A sua especialidade é sempre algo de muito avançado, na qual apenas entra um restrito grupo de predestinados com capacidades acima da média.

Claro que o superespecialista como predestinado que é, olha todos os outros não-superespecialistas com piedade, comiseração ou desdém.
O superespecialista duvida sempre do que os colegas lhe dizem. Porque na verdade só ele é que sabe. Só ele é que vê. Só ele é que ouve. Na realidade só ele é que compreende o doente.
Fantásticamente (ou não...) para o comum dos leigos, o superespecialista parece completamente inepto e desprovido de capacidades para comunicar com os doentes, mas...a realidade é que, como só o superespecialista sabe, o comum dos leigos nada percebe sobre nada e não devia sequer olhar para o superespecialista, sob pena de ficar cego com o brilho que naturalmente emana desse ser semi-divino.
Nunca há qualquer justificação para chamar um superespecialista de madrugada. Nunca há nada que seja suficientemente urgente, emergente ou premente que seja da sua área de especialidade (o que às vezes me leva a interrogar-me sobre qual a necessidade da permanência no serviço de urgência destes seres...mas eu sou um dos tais leigos e como tal devo reduzir-me à minha mísera insignificância...)
Ah!...e o facto de, tal como eu, ele também ser pago é completamente irrelevante. Porque na realidade nós (das especialidades rascas) é que devíamos pagar para podermos pisar o mesmo chão e respirar o mesmo ar que o superespecialista.
O superespecialista usa sempre gravata. Ele acha que só assim será respeitado. Eu acho que a compressão carotídea e consequente redução do fluxo sanguíneo cerebral explica muita coisa...
Agora digam-me...há paciência para os aturar???»

Entrevista a João Salgueiro no Público

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) diz que José Sócrates tem procurado ter a agenda mediática por sua conta e que os ataques à banca fazem parte da estratégia de atrair a opinião pública. O responsável interroga-se se o sucesso desta estratégia está nas agências de comunicação.

PÚBLICO - Como analisa as conclusões do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a banca nacional?
JOÃO SALGUEIRO - A conclusão final é encorajante. O FMI diz que a banca é um sector moderno, bem gerido e competitivo. É difícil de dizer isto de muitos sectores em Portugal. Até para bem da auto-estima dos portugueses e para relançar expectativas, que o Governo diz que está muito interessado em estimular, as conclusões deveriam ter sido desenvolvidas. Mas o que se tem criado é ocupação da agenda mediática com incidentes bastante marginais à base do problema.
Por que é que isso acontece?
É uma estratégia. Este Governo tem mostrado que dá uma grande prioridade à ocupação das agendas mediáticas. E tem procurado, através de confrontos, de anúncios de grandes projectos, de grandes programas, de grandes eventos mediáticos, ter a agenda por sua conta. E tem conseguido. Não sei se é mérito dos membros do Governo se das agências de comunicação que os assessoram. Mas tem sido bem-sucedido. Mas isto tem limites. Uma coisa é a imagem, outra a realidade.
O ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes tentou criar um gabinete de comunicação para promover as acções do Governo. José Sócrates está a pôr esta estratégia em prática?
Este Governo tem-lo feito, mas agora de forma bastante mais profissional. Mas a intenção é a mesma. Isto já se tinha visto em termos de campanhas eleitorais, mas nunca em termos de governos.A banca já se manifestou disponível para colaborar com o Governo.
Em quê?
Não tem feito outra coisa. A banca já apresentou estudos indicando que a legislação fiscal não é competitiva. E o Governo já alterou alguns pontos, como o regime de dupla tributação. Mas existem outros...Existem três grandes blocos que retiram competitividade ao país, sendo um deles o IVA. Estamos a desviar negócio para Espanha e esta é, estou convencido, uma das razões porque o nosso produto está a crescer menos. Ainda por cima as pessoas têm o bónus de ter gasolina mais barata. Outro entrave é o regime do good-will. Umas das razões porque as empresas espanholas oferecem preços altos nas aquisições é porque têm um desconto fiscal, e compram o que quiserem porque nós não podemos competir. Há ainda o regime das SGPS. Por alguma razão as empresas portuguesas, mesmo as de interesse público, instalam as suas sedes fora do país.
A fiscalidade não é um factor de competitividade em Portugal. O problema é apenas a fiscalidade?
Se analisarmos componente a componente não podemos dizer que em nenhuma delas somos os mais competitivos. Não somos na questão laboral, na burocracia, na justiça, no ensino e na fiscalidade. Porque é que havemos de trazer investimento estrangeiro...só fazendo uns favores na negociação dos contratos, permitindo a quem investe não pagar impostos, ter regimes especiais. Porque o regime geral para as nossas Pequenas e Médias Empresas, que são o grosso do tecido económico, é desfavorável.
A banca só colabora dando sugestões?
A banca tem colaborado em todas as campanhas de interesse nacional. Ainda há dois anos negociámos a cobrança e o pagamento dos encargos e das pensões para a segurança social. Que, aliás, melhorou. Basta dizer que os sistemas eram incompatíveis. O sistema informático que cobrava as receitas da segurança social era incompatível com o que pagava as pensões. Isto passou a ser feito pela banca, que cobra ainda centenas de milhões de impostos para o Estado.Portanto quando o Governo fala com esta arrogância da banca é peronismo, é na linha do peronismo.
Que balanço faz da actuação do Governo?
Temos vivido estes últimos anos sentados sobre o Orçamento do Estado (OE). Ter um OE disciplinado é indispensável, mas não é suficiente. E a atenção dos portugueses há quatro anos que está fixada na redução da despesa pública. E com fracos resultados. Já se diz que são precisos mais dois. Não existe nenhum processo de ajustamento europeu que tenha sido tão longo. E isto tem custos humanos enormes e quebra as expectativas.
Como se resolve a situação?
Não é com grandes acções mediáticas.
O equilíbrio das finanças públicas tem que se fazer também à base do desenvolvimento.Como?
Tomando as medidas para desbloquear as situações. O governo tem anunciado uma série de reformas, mas há medidas que são elementares como não atrasar os pagamentos ao sector privado, que têm que pagar os seus impostos sem terem antes recebido o que lhe é devido.
O Governo procura conflitos para evitar tomar medidas essenciais?
A estratégia de conflitualidade que o governo adoptou, de provocar conflitos com várias classes sociais, é nalguns casos justificada, mas noutras é menos, porque são coisas superficiais e simbólicas. Devia estar a polarizar as pessoas para uma tarefa positiva, pondo à sua frente um objectivo de criar riqueza e não de austeridade.
Como avalia o OE?
As medidas vão no sentido certo, mas não há um sentido de urgência como devia haver. Este ajustamento arrastado que leva seis a sete anos vai corroer a base de apoio do Governo e vai levar a que muita gente que desejaria investir em Portugal não o faça. Hoje existe uma situação favorável, com uma maioria absoluta. Mas os governos quando entram em perda começam a tomar medidas que não são muito racionais. Quem vier a seguir fica numa situação desgraçada se não tiver maioria absoluta e podemos mesmo entrar em situação de colapso económico e social. Há uma urgência muito grande e este OE está no limite do aceitável. O Governo argumenta com a redução do peso da despesa no PIB...Sim, mas em termos relativos, em relação à Europa piorámos. Éramos um dos cinco que estávamos com défice excessivo e agora somos o único.
Qual é a sua sugestão?
Os milagres a seguir à guerra, da Alemanha e do Japão e mais tarde da Irlanda e da Holanda, resultaram de medidas que desbloquearam as situações. Na Alemanha foi uma coisa tão simples como adoptar uma moeda credível, o marco, e os alemães acreditaram que tinham ali um valor e começaram a trabalhar para esse valor. Noutros países foi a legislação laboral. Ora muitos investimentos poderiam ter vindo para Portugal se se tivesse criado um terceiro regime laboral mais flexível para novos projectos e não pondo em causa os regimes em vigor. Um bom exemplo é o da AutoEuropa em que a Comissão de Trabalhadores viu o que era feito nos outros países, adaptou-se e teve sucesso. Perde-se muito tempo a dizer que é preciso alterar esta legislação, mas podia avança-se para outra alternativa sem alterar a actual.Chamar a atenção dos portugueses para estes problemas de fundo era mais importante do que estar a focar a sua atenção no Orçamento ou na conflitualidade.
E considera que as medidas legislativas que têm sido propostas em relação à banca fazem parte dessa estratégia?
Esses afloramentos relativos à banca fazem parte desta estratégia de conflitualidade para atrair a opinião pública. É como se fosse um circo e a comunicação gosta. Eu tinha apostado com alguns amigos que haveria um incidente com a banca para ajudar a distrair das limitações do Orçamento do Estado.

Testemunhos do que se passa no Líbano


O primeiro:

«I have owned and operated a business in Beirut for nearly 15 years, since the end of the (civil) war. I pay my taxes, keep my employees well paid and happy, and make sure that my store is clean and comfortable for my customers.

About 2 months ago, one of my favorite TV shows was on called Basmat Watan. Now Basmat Watan is a comedy show full of satirical skits, poking fun at our Ministers and other political leaders. They have made several important political figures the butt of their jokes. And why not? We all know it’s in good fun anyway.

So one night they put on a skit with someone impersonating Sheik Hassan Nasrallah, the leader of Hezbollah. Within minutes of airing the program, a huge mob of Hezbollah supporters come crashing into our neighborhood, busting up our storefronts along the street. I thought they were crazy! I tried talking to them but it was no use. Immediately I feared for my life as they crashed through the windows of my store and started looting everything that I had.

There was no police; there was no protection for us. Where was our government? My business suffered thousands of dollars in losses. My insurance won’t cover anything. And Hezbollah wants me to support them? While they were preparing for war why didn’t they at least tell us that they were going to war? None of us were prepared.

Here, I just opened my business again when the July War started. There are no customers left. Nasrallah says there is money to rebuild, but what about the vandalism and the lost income opportunity? Where are the tourists and when will they come back? I am afraid of losing everything all over again with three mouths to feed at home and a mortgage».


O segundo:

«As a young girl growing up in the southern suburbs of Beirut , I would play with my brothers and sister in our yard that my father, a hardworking policeman, took care of on his days off from work. We lived in the neighborhood and my parents were well respected and contributed their time and energy to the local community.

Our community was mixed Christian and Shia. We got along well and lived in peace. We shared vegetables that grew in our gardens, sipped coffee in each other’s homes, and we kids did what kids always do: get into mischief! That all came to an end one day when Hezbollah took over our neighborhood and made it their own fortress. We lost our home, my family’s ancestral property. Everything that my parents and grandparents and great-grandparents had worked and struggled to maintain through wars and recessions and the days of starvation by the Ottoman Empire … They destroyed my home. My home! We couldn’t take anything out of our house! I left in my pajamas, can you imagine! With machine guns blazing we ran out of our house. My dad tried to get back in to get the papers for the house. Snipers across the street shot at him and hit the car. We were lucky to be alive. But we lost our home, we lost our livelihood, we lost the land of my ancestors. And a Hezbollah training camp was built on our property. They refused to let us go back and see our land and visit the graves of my grandparents. For many years we struggled, moving from place to place. We were homeless refugees in our own country! We finally were able to sell our land to only one bidder at a price they offered. To Hezbollah. They got a great deal. Free rent for all those years and valuable property at a discount. It almost killed my father to sell that land. That’s how attached he was to it. I don’t like this war. And the Hezbollah brought the war back to Lebanon . For what? I don’t understand?!? I can’t sleep at night because I am afraid that the Hezbollah will come and take away my property like they did to my father that dark night many years ago.»


O terceiro:

«I live in the South. I am not a political person because politics only gets you in trouble. I don’t like to vote and frankly all politicians are corrupt. So what’s the point of pretending to vote? That was the attitude I had last year when we had the elections for Parliament.

So the weekend arrived and generally that is the best time to keep your business open. The local leaders were trying to whip up the community to vote for the Hezbollah slate with offers of cash and goods.

They came to me with cash and I refused. They took my refusal and came back with their goons and their guns. They raised their guns and demanded that I close my store and vote.

What was I to do? So I closed my store and they followed me to the polling place at gunpoint. Of course, I voted for the Hezbollah slate! Satisfied with my vote being cast for their slate, they allowed me to return to my business. Democracy bastardized. Like I said, politics only gets you in trouble. »

terça-feira, novembro 07, 2006

Suécia proibe privatização dos hospitais

Na ed. de 28 de Fevereiro do BMJ, Jane Burgermeister relata a proibição da privatização de hospitais, pela coligação governamental no poder na Suécia, por receio de que a expansão dos cuidados de saúde privados possa destruir o princípio de um serviço de saúde justo e gratuito.
As autoridades provinciais, responsáveis na Suécia pelo sistema de saúde local, não serão no futuro autorizadas a ceder a gestão de um hospital a uma companhia baseada no lucro. Isto depois de duas autoridades provinciais, ambas controladas pelos partidos de centro direita, terem privatizado alguns hospitais estatais. No entanto o Governo, uma coligação de social-democratas com partidos de centro esquerda, argumentou que a privatização de hospitais punha em causa um princípio fundamental da saúde do país – a saber, que o tratamento médico deve ser proporcionado a cada doente de acordo com a sua necessidade e não com a sua capacidade para pagar.
De acordo com a nova lei, as companhias privadas não serão autorizadas a gerir hospitais que tratem doentes do regime geral e privados. Além disso, as autoridades provinciais estão proibidas de entregar a gestão corrente dos hospitais a companhias baseadas no lucro. As companhias privadas não poderão comprar hospitais regionais ou universitários; só as fundações e os prestadores não baseados no lucro vão poder gerir hospitais. Entretanto, os hospitais privados já existentes continuarão a funcionar, e as companhias baseadas no lucro podem criar novos hospitais, desde que não tratem doentes do regime geral.

Jorge Nogueira
Fonte: FNAM

As irritações mais irritantes... (perdoem o pleonasmo)

Decidi listar algumas peripécias do quotidiano que têm a capacidade imensa de me irritar e de perder toda e qualquer menção à minha santa paciência.
(e desta vez, a leitura das actualizações do malfadado S.A.V não está incluída)!

Listagem decrescente das maiores irritações:

1º. O multibanco.
Essa máquina ambígua de amor e ódio.
Quando a pessoa que está imediatamente à minha frente no multibanco decide fazer mil e uma operações bancárias, incluindo pagar as contas domésticas que estão em falta (e cortadas) há 6 meses ou mandar dinheiro a todos os familiares que ficaram na Guiné.
Sem dúvida o número 1.

2º. Multibanco II
A propósito, avarias no multibanco anunciadas pelo frase bem conhecida «Dirija-se ao multibanco mais próximo» (quando, ninguém se lembra, que o multibanco mais próximo dista a escassos 1000 quilométros de distância!)

3º. A fila de hipermercado (ou bicha do hiper, como preferirem).
Lei de Murphy aplicada às grandes/médias superfícies.
Quando decido mudar de fila para outra fila muito melhor, claramente mais rápida e, de repente, já instalada na minha nova posição, a (minha) ex-fila desata a acelerar, como se tratasse de uma corrida de 100 metros fazendo lembrar o Francis Obiquello num bom dia.

Destronada recentemente do primeiro lugar porque, agora, à bom português, desisti nas 'vias normais' e corro para a caixa das mulheres grávidas ou de deficientes (em último recurso, com pagamento VISA). Alguém consegue comprovar o contrário?

4º. A fila de supermercado II
Quando a fila que escolho, sem dúvida a mais pequena de todas (ou, quando é a única fila aberta em pleno dia...), 'empanca' algures, seja por que razão for:
Ou a mulher da caixa tem uma lentificação motora acentuada que faz lembrar a capacidade de raciocínio de Bush; ou, o preço que surge marcado na caixa registadora não é aquele que vinha nas prateleiras de supermercado -insiste o homem (e com razão, em 99,999% casos), e é preciso chamar uma das meninas-dos-patins para o tira-teimas (e ela nunca chega...); ou, quando, afinal, a mulher que está minha frente na fila lembrou-se que lhe falta algo e decide ir buscar (e não voltar...); ou pior ainda, o homem que apenas levava 3 coisinhas insignificantes afinal decide levar o supermercado em peso para casa e eu não reparei....

5º. O segundo extra nas chamadas telefónicas, em tarifários pagos ao minuto.
Esta é uma entrada nova na tabela, que só me apercebi quando comecei a pedir a discriminação da duração das chamadas móveis (já por si com tarifários extremamente em conta para o descosido bolso português, à total imagem e semelhança de um povo nórdico.)
Duração das chamadas: X minutos e 1 segundo (não 10, não 23, não 55, mas 01 segundos!) pagos integralmente, contabilizando todos os outros 59.
Bem feito. Quem me manda não ficar mais tempo a falar? Ou menos?

6º. O condutor mais lento do mundo acaba que se posicionar a minha frente, numa estrada de sentido único com apenas uma fila de rodagem e sem conseguir ultrapassar por lado nenhum.
Pior do que isto, só quando eu estou atrasadíssima para a passagem de turno da urgência ou reunião com o director de serviço....
Abram alas!

7º. As escadas rolantes.
Quando as pessoas, em vez de ocuparem a zona mais à direita das escadas rolantes para deixarem simpaticamente as outras pessoas (mais apressadas) passar (a exemplo de qualquer cidade civilizada como Londres, onde inclusive, existem placas alusivas), amontoam-se e ocupam toda a largura e amplitude das escadas rolantes.

8º. Escadas rolantes II
A próposito, quando as escadas rolantes se avariam e temos que fazer uma maratona para descobrir as escadas mais próximas.

9º. Começar a ler o jornal ao contrário, do fim para o ínicio.
Não percebo porque, ainda há, quem continue a insistir nesta prática. Saberão o significado da expressão 'primeira página'?
Pior do que só começar a ler o jornal ao contrário, é começar a ler o jornal ao contrário, do fim para o ínicio e parar obrigatoriamente na necrologia! Nunca percebi o interesse....

10º. Os arrumadores.
Pior, arrumadores a arrumar carros em locais com parquímetros funcionantes
(leia-se, desta vez eles não conseguiram avariá-los. Ou esqueceram-se tal era a moca).
Palavras para quê?
Um super-Rui Rio e seu super-poder-que-extingue-os-arrumadores, precisa-se noutros cantos do país.

11º. As urgências (muito, muito, muito) parvas.
Ao fim do turno de urgência receber doentes triados a verde com 'choques eléctricos na cabeça'.
Não há paciência....
PS: Urgência geral, não psiquiátrica.

12º. As entrevistas telefónicas sobre o grau de satisfação dos clientes sobre um determinado serviço.
Será que não se apercebem da insatisfação gerada por tais questionários?
Pior, quando coincide com a hora do almoço/jantar.
Por favor, deixai-me comer o meu bife em paz.

13º. A nossa programação televisão diversificada e de qualidade superior.
(E bolas, onde é que foram buscar um provedor ex-padre??)
Já ninguém aguenta:
-as saias e as cantorias da Floribella;
-os dilemas e triângulos amorosos dos Morangos (sem açúcar), perpetuados agora pelo novo talk show com os ex-morangos, fazendo relembrar-nos que eles afinal não foram irradiados do mapa e ainda temos de os gramar, mesmo após a sua extinção televisiva;
-os comentários futebolísticos dos comentadores de futebol da TVI (quase igualando o record das 'calinadas' orgulhosamente ostentado pelo Gabriel Alves);
-a repetição da novela Anjo Selvagem após o jornal das 13h, contribuindo para uma percentagem significativa das indigestões pós-prandiais neste país; por outro lado, dá uma lição aos jovens aspirantes a actores (leia-se não morangos) sobre a arte de NÃO representar, através da péssima interpretação de José Carlos Pereira com o seu beicinho em bico...;
(E por falar nisso, alguém sabe quantos anos este senhor demorou a fazer o almejado curso de medicina? Façam as contas... Pista: é do tempo em que ainda se entrava em medicina por transferência de cursos...)


Estou a esquecer-me de algo.

Prometo alargar esta lista.
Sugestões...

Desistência de última hora

50 min depois de (estoicamente) ter (re-)re-começado a ler o manual do S.A.V., deponho as armas e desisto.

Blogo.

Esta dura e longa tarde....




...a ler o manual do S.A.V.
Ai!

(vide abaixo)

segunda-feira, novembro 06, 2006

Desilusão

Procurava algo que ilustrasse o pior dos estados de espírito....
A desilusão.

Encontrei-o no Boguz
Quem, um dia, nos faz pular de alegria e transbordar contentamento pode também transformar-nos, noutro dia, em seres miseravelmente vulneráveis.

Mas afinal de contas, ninguém nada nos prometeu...

Alerta à população: greve nacional de médicos

Apesar de não participar na greve, uma vez que não acredito em nenhuma paralização física como forma de luta em que o único lesado é quase sempre o doente, não posso deixar de me solidarizar com os motivos que conduzem a esta greve.
A saúde está doente.

Canyoning


Eu fiz.


Este fim de semana decidi experimentar o Canyoning
(que para aqueles que, tal como eu, também não sabiam, é uma espécie de alpinismo nas quedas de água, um rappel que mete água por todo o lado).

Um adjectivo: fantástico!

Tirando uns arranhões nas mãos, imensas borbulhas nos pés, um hematoma na bacia, e uma fractura incompleta do peróneo (não confirmada), tudo correu da melhor forma possível e quando recuperar a 100%, fica a certeza que vou repetir.

Para os que estiverem interessados, deixo aqui o link de um blog de Canyoning.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Guess what?

S.A.V. à vista!
(=Suporte Avançado de Vida)

In Dicionário Médico:
Uma espécie de 'avaliação téorica-prática' que todos os médicos que fazem serviço de urgência realizam, com alguma variação temporal (ainda não percebi bem os critérios...), para determinar se estão aptos (estamos todos, não é?) a salvar in extremis um doente em PCR (=paragem cardio-respiratória). (-agora, bater na madeira 3x para isso não acontecer enquanto NÓS estivermos de plantão, principalmente se coincidir com a hora de jantar nas urgências internas ou durante a noite na urgência geral).
O terror dos médicos mais velhos, porque se lembram das aulas de ginástica nos tempos de escola.
A chatice dos médicos mais novos, porque o manual despoleta alucinações visuais alusivas ao período pré-Harrison's. (Harrison's é a Bíblia de todo o Interno de Medicina. A partir daqui, há quem vá para o inferno, há quem vá para o céu....)

Portugal de sucesso. Eu conheço!

1- Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém- nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
2- Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores. Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus.
3- Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados. E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
4- Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais. E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).
5- Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa porvia informática.
6- Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.
7- Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que"bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis. E que conta já comum núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartõespré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto deprojectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.
O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive: Portugal. Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses. Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa,Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta,BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software,Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services.E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, VilaGalé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo. E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, masdirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos eanos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch,Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistemaem tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas emcada estabelecimento da cadeia norte-americana). É este o País em que também vivemos. É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas nasaúde, no ambiente, etc.Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia. Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. Demostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não correbem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo- nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito. Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?

Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso> In Revista Exportar